Autora: Josianne Luise Amend (JosiLuA)
Em toda minha vida, não sei se por algum tipo de criação que tive, tenho dentro de mim que jamais devo incomodar as pessoas. Isto me faz ficar reclusa e muitas vezes deixar de ir visitá-las. Vejo pessoas que não tem vergonha ou medo de chegar sem avisar ou se metem na vida dos outros sem nenhum empecilho emocional. E elas acabam como "queridas" ou atenciosas. A questão é: devemos esperar um convite e deixar passar o tempo ou visitar e sugerir sem ser solicitado?
Por escutar comentários meio picantes e tristes quando tentei ajudar ou ser presente, a coragem de ser participativa foi me deixando cada vez mais apreensiva e me distanciando. A tristeza e a frustração são grandes, pois a intenção (pelo menos para mim) seria ajudar, ensinar ou apenas estar junto. Depois de um tempo, a gente se recolhe por proteção. Acho, sinceramente, que nos convidar para tudo ou estar ligado em tempo integral aos outros seja um pouco inconveniente, pois as pessoas também gostam de seus momentos familiares ou de solidão. Elas precisam respirar e decidir por seus livre arbítrios. E não gostamos que saibam tudo da nossa vida. Mas, participar da sociedade é uma forma de opinar, aprender e amar. A gente carrega uma certa cultura e que o tempo modifica, mas que em nós ainda está arraigada.
E é porque amamos que queremos estar junto, pois o tempo leva muito rápido os momentos de alegria e união. Hoje estou mais velha e cheia de manias encrustradas em meu ser, que tentei libertar através dos meus estudos em terapias holísticas. Trabalhei durante 30 anos ouvindo e acolhendo pessoas que nunca tinha visto, mas que precisavam desse aconchego. Elas me ajudaram mais que eu a elas. Fiz amigos ou apenas clientes. Mas valeu a pena!
Uma das coisas mais importantes em nós é a sensibilidade. É ela que nos faz largar tudo para ouvir, abraçar ou trazer para junto de nós quem precisa de "vitaminas" que ajudem a levantar a cabeça e não desistir. E graças a Deus têm pessoas sensíveis e disponíveis. Sempre gostei de fazer algo meio altruísta, estar atenta e não deixar o sofrimento impedir que alguém se erguesse. Mesmo nestes momentos, meu medo de ser "despachada" sempre esteve presente.
Mas, gostem algumas pessoas ou não, este é meu modo de ser. Já ouvi que sou intrometida, quando apenas quis saber mais e ajudar, ou que preciso dar espaço e não ultrapassar limites. Vamos carregando esses "elogios", sem que eles possam terminar com nossa missão. Posso sair da vida dos reclamantes, mas tem os que nos aceitam e admiram nosso trabalho. E só por isso é bom continuar. Caminho nas pegadas do Mestre e sei bem o que Ele passou e o que me ensina.
O teu jeito de ser pode não ser o meu, e é isso que determina a vida, pois temos missionários de todo tipo nos caminhos que percorremos. Cabe a nós seguir e ouvir os que trarão paz, evolução e amor para nossa vida. Confesso que até enviar meus textos a vocês me traz sensação de os incomodar. Já perdi até amigos que me bloquearam. Não é nada satisfatório, mas compreensível. Já perdi amores que confundiram minha amorosidade com outros como "prestativa demais" e amigos que confundiram minha atenção, achando que queria "não só amizade".
Infelizmente, a primeira coisa que fazemos é julgar, sem compreender a pessoa por trás de suas atitudes. Sou e sempre fui muito independente, buscando ser autodidata e só presto atenção em pessoas nas quais sinto empatia e confiança, mesmo sendo elas um ícone de qualquer coisa. Acredito que a sabedoria não vem dos flashes, mas da alma. E assim que não me sinta à vontade ou respeitada, busco outras paragens.
Contudo, temos que buscar entender o ponto de vista de cada um e moldar a vida se gostamos daquela pessoa e a queremos na vida ou simplesmente deixá-la ir, porque algumas tampas realmente não servem para nossa panela. Acho que morrerei tentando não incomodar, sabendo que incomodo sem querer. Afinal, muitas pontas ficam soltas e muita razão esquecida.
NAMASTÊ