Autora: Josianne Luise Amend (JosiLuA)
Essa guriazinha aí tá fazendo 60 anos hoje. Então, ela cresceu e viveu muito até aqui. Tirando a dor nas costas, a elasticidade das pernas, a vista ruim, a pele das mãos e braços murchando e meus lindos cabelos brancos, nem parece que cheguei aos sessenta. Me sinto ótima, cheia de vida e pronta a fazer mais uma viagem louca pelo mundo, afinal sou sagitariana, amo liberdade e viagens.
Aliás, fico feliz de ter gasto dinheiro nelas. Não me arrependo um só minuto de todos os lugares que fui e conheci. Sinceramente, não há nada mais restaurador do que ver novas culturas e povos, comidas diferentes e lugares fantásticos. Abre a mente para o mundo. Tenho planos com minha neta de conhecer um país e, se Deus quiser, iremos.
Não consigo sentar e ficar quieta, sou agitada, elétrica. Mas já deixei de curtir algumas coisas como música alta e gente balançando a cabeça, fingindo que entende o que o outro está falando. Prefiro estar em contato com a natureza e ouvir o canto dos pássaros, o barulhinho do riacho ou o grito das gaivotas numa praia pouco frequentada. Às vezes me sinto como um peixe fora d'água, quando há muita gritaria e gente tentando se fazer entender. Estou mais para o papo gostoso com vinho, o violão numa fogueira na praia, a roda de causos numa clareira na mata. É, talvez a maturidade faça a gente ficar exigente e seletivo. Deixemos os jovens no furor da energia aproveitarem os espaços lotados e barulhentos.
Me perguntaram como me sinto com sessenta anos. Vou dizer: igual aos trinta, só que mais agradecida, disciplinada e observadora. Chegar nesta idade é uma dádiva! Principalmente quando a vida lá atrás te exigiu muito esforço e coragem. E lá vou eu para mais um ciclo com fé e ânimo.
Ainda não me aposentei, nem do trabalho, nem da vida. Mas vou! Não da vida, mas do trabalho. E enquanto tiver saúde, quero dar tudo de mim, seja como mãe, avó, filha, irmã, amiga, tia, sobrinha, prima e sei lá mais o que nossos laços nos denominam. Cada hora a gente tem um título na testa. Uns engraçados, outros cutucam a alma.
O dia de amanhã está escrito nas estrelas e eu espero que a minha brilhe ainda muito tempo. Velhice vem do latim vetulus, que significa idoso, remoto, gasto pelo uso. Alguém aí se sente gasto pelo uso, porque eu não (risos). Mas, enquanto um lado nosso quer viver intensamente, o outro vai freando a gente aos poucos e acabamos nos acostumando com a tranquilidade e o bom senso em algumas coisas. Interagir com os mais novos é uma guerra, pois a energia deles já não combina com a nossa. Mesmo que dancemos no mesmo ritmo, queremos mais é nos esticar na cama depois. Não deixa de ser divertido, estimulante e eficaz para nos mantermos vivos e ativos. As crianças são espetaculares personais.
A beleza de parar e olhar para o passado e poder contar tudo que vimos, fizemos e passamos, faz com que cada vez mais amemos a vida. Tantos passaram, tanto ouvimos e dissemos, muito fizemos para nos manter com dignidade! Agora, começo o ciclo dos sessenta, não dos que se sentam, mas dos que sabem que a ampulheta já está a um quarto (sendo bem otimista) de liberar o corpo fisico. Então temos que pensar mais ainda em viver, ver e ter pessoas do bem e que nos encantam ao nosso lado. Se tivermos sorte de ter saúde e amor, temos mesmo que nos dar de presente o ânimo para ter muito mais a contar e entregar ao mundo, no último grão de areia da ampulheta.
Por isso, o que peço a Deus é isso: não quero ser encostada e isolada, quero participar e não abraçar a solidão. Sentir o amor e amar. Porque isso faz cada dia uma grande e salutar vida! Não é fácil ser idosa, pois a palavra em si é motivo de chacota dos que não entendem a história contida em cada alma vivida. Não temos muitas oportunidades, mesmo com experiência. Mas o mundo é assim, é isso. Eu formei uma família linda e que sabe o valor da palavra respeito. E isso me deixa feliz, pois sei que estarei bem cuidada. Feliz o idoso que pode se orgulhar do que construiu, porque o universo retribuirá e seus filhos também.
Então, hoje estou de parabéns por estar viva, por ser quem eu sou e ter as bênçãos de Deus me acompanhando. Muita gratidão ao Universo, aos Mestres Ascensionados, ao meu anjo guardião e protetor, aos Mestres da natureza e aos meus lindos antepassados. E que minha nova estrada seja mais tranquila em preocupações, iluminada e cheia de amor e paz. Daqui pra frente vou observar e cuidar melhor do meu coração. Estou no lugar certo, na hora certa, com as pessoas certas, conforme a vontade de Deus. Agora, podem me desejar parabéns e felicidades. O maior presente são as companhias e amizades que temos.
NAMASTÊ
Conselho aos que tem menos de 60:
Vivam a vida intensamente e com responsabilidade suficiente para chegar aqui com orgulho de si mesmos.
E aos que já passaram dos 60, sou grata por abrirem caminho, ensinarem e estarem aqui para amizades, conselhos e me proporcionarem a vontade de seguir.
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