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Coração Aberto

Quando decidi escrever me senti uma borboleta saindo do casulo. E junto com ela saíram os sentimentos e os pensamentos que muitas vezes não conseguimos transmitir. Descobri que ser poeta é opinar sem medo, escrever é desvincular-se de segredos e expressar-se é viver intensamente.

JosiLuA

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

RETA INICIAL

 Autora: Josianne L.Amend (JosiLuA)



Estamos quase lá, deixando para trás mais um ano complicado. Nossa luta contra o vírus foi intensa. Passamos dois anos mudando rotinas, criando recursos e tentando sobreviver. As pessoas aprenderam o que é essencial e o que se torna supérfluo.

Perdemos amigos, parentes, conhecidos. Mas chegamos até aqui e, se nossa vida ainda resistir, veremos mais uma vez os fogos no céu à meia noite, na virada do ano. As emoções foram intensas,  muita confusão sobre o que seria de todos nós,  como nos protegeríamos ao mesmo tempo que precisávamos agir pela própria sobrevivência.

Muitos perderam emprego, porém reinventaram suas vidas, descobrindo potenciais e dons. Outros tantos chegaram mais perto de Deus, lembraram que há algo maior além do que vemos e sentimos. E se ajoelharam. Mãos se uniram sem se tocar, a voz ficou abafada, mas nem por isso deixamos de questionar e tentar saber da vida dos que amamos. Nos tornamos mais humildes, mais humanos, criando maneiras de aproximações que pudessem levar conforto e aprendizado. Os mais jovens cuidaram e ampararam os idosos. Muitas sacolas de comida foram deixadas nas portas e todos respeitaram. O ser humano entendeu que pode ser melhor, que a evolução de caráter é necessária e que o respeito comunitário é imprescindível.

Infelizmente, grande parte da população sucumbiu em pobreza e há muita dificuldade para a recuperação. Precisamos ainda estender as mãos, não esquecendo de fazer brilhar o sol para todos. Ainda não há total compreensão sobre os cuidados e as mudanças,  pois muitos não aceitaram a metamorfose. Continuam pensando somente em si mesmos, sem se importar com a consciência mundial. Mas isso é justificável, quando aceitamos nossa condição espiritual de andarilhos em busca da evolução. 

Felizmente, tudo isso tocou e modificou o coração de tantas pessoas, quantas tiveram que deixar seus corpos por nós. O ano está indo embora, mas jamais esqueceremos deste episódio em nossas vidas. Temos histórias para contar, temos lembranças para recordar. E, quem sabe, teremos orgulho de ter participado da ação conjunta para o bem maior.

O Natal está chegando e trará, com certeza, lágrimas pela ausência de tantos. Mas deveremos acender as luzes dentro de nós para agradecermos cada semente de compaixão,  de amor, de paciência e de força que plantamos durante essa caminhada. E mais que tudo, olhar para os lados e perceber presenças que ainda fazem parte de nossas vidas e que nos ajudam a alimentar a esperança,  a fé e a crença no amanhã. Não é a reta final,  mas o início de um novo tempo.

Agora já podemos novamente dar as mãos,  abraçar e sentir a vibração de outros corpos. Que não nos acostumemos com a solidão, mas que tenhamos percebido o quanto é difícil ficar em isolamento. Que não se torne um costume ter medo da aproximação, mas que voltemos a visitar, ter amigos e viver plenamente. E que haja mudança no comportamento e a sabedoria seja cada vez mais buscada para entendermos a simplicidade e fragilidade de nossas vidas.

NAMASTÊ 

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