Autora: Josianne Luise Amend (JosiLuA)
Não sei onde eu estava antes de chegar aqui. Não sei se tinha luz ou era escuridão. Não sei se tinha cachoeiras e rios ou um amontoado de ossos e carnes apodrecidas. Não há em mim nenhuma lembrança. E se há, devo ter um compartimento secreto, fechado a cadeado, esperando que eu passe algumas fases para ele se abrir.
Isso me irrita um pouco, essa maneira de sermos convocados a participar de experiências, ensinamentos ou seja lá o que queiram denominar isso. Devíamos saber algo, darem uma dica ao menos do que representamos para as pessoas que fazem conosco, um jogo de xadrez. Estaria isso embutido em nossas entranhas, conspirando a todo momento contra nós? Esforçamo-nos tanto, para então sermos julgados e subjulgados. A loucura talvez seja o estágio em que quase desvendamos tudo.
É um mundo cheio de ignorância e maldade, de pessoas egoístas e sem escrúpulos. Não sou melhor que ninguém, mas não destruo, machuco ou atrapalho a vida dos outros. Busco viver, se viver é enfrentar os desafios que nos são impostos a cada dia, a cada etapa de nossas vidas. Algumas comédias ou dramas, terror e até romances. Tudo o que precisamos é estar vivos e o espetáculo abre as cortinas para nós.
E o que é isso, então, cujo amor se vê enlaçado nas garras afiadas da injustiça ou do abandono? Precisamos erguer a cabeça e sair saltitando, com sorrisos externos, mas moídos por dentro, dizendo que acreditamos no amanhã. Procriamos, mas precisamos libertar. Amamos, mas precisamos libertar. E os únicos encarcerados somos nós mesmos, dentro das incertezas e da solidão.
Monstros, anjos e demônios escondidos em suas máscaras cruzam por nós. Sem saber, sorrimos para desajustados, ignoramos os sábios. Muitos acabam pagando por sua bondade, outros morrendo por acreditarem. A justiça é, da mesma forma, patética e, por causa disso, o mundo se transforma em um lugar perigoso.
Dia após dia esperamos pela nossa morte, sem saber como será, rezando para que haja ao menos a sorte de compreender este momento. E querendo acreditar que iremos voltar para algum lugar lindo, cheio de compaixão e que nos faça, finalmente, ter um cheque mate.
NAMASTÊ
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