Autora: Josianne Luise Amend (JosiLuA)
O mundo está cada vez mais mentiroso e artificial. Quando olho as fotos dos anos 60, 70, guardadas ainda num pequeno baú da minha mãe, já amareladas ou desbotadas pelo tempo, posso lembrar perfeitamente de como tudo era real. Pessoas, roupas, silhuetas, paisagens, tudo muito natural e incrivelmente interessante, talvez engraçado e até puro.
Hoje em dia, se conhecermos uma pessoa por foto nas mídias e a encontrarmos depois, pessoalmente, talvez nos passe despercebida, devido à caracterização fantasiosa que se faz. A pergunta é: estariam as pessoas com vergonha de serem o que são? Na busca por mais e mais seguidores e a fim de ganhar popularidade, os filtros são, cada vez mais, a arma secreta dos inseguros.
A busca pela perfeição retira cinicamente rugas, queixos duplos, barriguinhas e outras identidades naturais, para dar espaço a longevidade, magreza, curvas, peles de pêssego e até tanquinhos masculinos. Cada vez mais os filtros se aperfeiçoam caçoando dos usuários que, ao se verem nas fotos, acreditam que são a imagem que contemplam. É a vaidade cada vez mais dominante absorvendo o apreciar de seu verdadeiro Eu, transformando pessoas em neuróticas e frustradas.
Estaria aquela imagem debochando da realidade, tornando o real, escravo do fictício? Sim, pois ao perceber que quem está na foto cheio de filtros não é quem aparece no espelho de casa, a mente entra em parafuso. Começa a loucura para mudar tudo em si e os mais desesperados se jogam em cirurgias e produtos a fim de conseguirem algo parecido com a foto de filtro.
Triste fim de mentes sãs em corpos naturais. Fazer o que se a identidade de cada um pode ser o charme da idade, da vida, do crescimento. Sorrisos tendem a murchar, olhares a deixar de brilhar. Mas o importante é aquela essência de gente bonita, alegre e cheia de luz que nenhum filtro ainda foi capaz de enaltecer, pura e simplesmente porque a alma ainda está com as características que veio ao corpo, eternizada muito mais com amor, do que com lifting, botox ou filtros fotográficos. Resta-nos aceitar que não somos inteiros, nem completos, mas especiais. E cada um tem seu ponto forte, seu atrativo e algo único que nem todos gostarão, mas que certamente alguém perspicaz e sábio apreciará.
NAMASTÊ
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