DEVANEIOS NAS ALTURAS

Autora: Josianne Luise Amend (JosiLuA)

Subi as escadas e sentei no último degrau. De lá posso observar melhor o céu. O ar parece mais fresco e o vento corre gostoso pelos meus cabelos. Não sei por que estar mais alto me faz pensar na vida. Talvez me sinta mais próxima de Deus.

Gosto de observar o mundo, tão pequeno ao meu redor, porém imenso além de mim. Quando é dia, observar o vôo dos pássaros, às vezes solitários, por vezes em bandos, me faz reverenciar a natureza. Mas se já anoiteceu, sentar lá me conecta com o universo e me sinto parte das estrelas.

A paz me envolve, esqueço tudo que me incomoda ou me entristece. Sou parte do todo. A sensação é uma mistura de céu e terra, vento e calmaria, frio e calor. Nem sei quem sou. Sou apenas um risco na tela, pintada com uma imensidão de cores. Só um grande espectador poderia me diferenciar, mas por enquanto estou ensombrada. Não importa, pois ainda faço parte da tela.

Olhando a escuridão e o brilho das estrelas me sinto melancólica. Lembro bons momentos da minha vida, onde me sentia presente na vida de pessoas que amo ou amei. Os lábios se curvam num leve sorriso e os olhos parecem enxergar tudo dentro da mente. O tempo leva embora o que pensávamos eterno. Não há muito o que se fazer, a não ser aceitar o ciclo da vida.

Olho mais uma vez para as estrelas e penso que me sinto assim, tão perto e tão distante. O mistério me fascina, me engole e me enche de interrogações. Mais ainda do que já tenho. Todas sem certezas ou explicações convincentes. E, neste momento de devaneios, a fé me ajuda a respirar, acordar e ... descer as escadas.

NAMASTÊ