Autora: Josianne Luise Amend (JosiLuA)
Estou engaiolada.
Sinto-me presa entre arestas nada confortáveis. Olho o mundo ao redor e me imagino nele, sobrevoando as alturas, sem medo de viver. Mas não consigo abrir minhas asas. Elas não cabem neste pequeno espaço que se criou ao meu redor.
O tempo passa e a porta parece cada vez mais emperrada. Para me alegrar, finjo que o pequeno balanço de madeira é um mecanismo de escape. Mas apenas percebo o tamanho do aperto, controlando a expansão da minh'alma.
Deixei que construissem esta gaiola, pensando em estar segura. Mas cada aresta significa alguém que me prendeu e partiu. Não aprendi a ver meu ninho vazio. Achei que ele sempre teria o aconchego de todos que amei, que ensinei a voar e que trocaram algo comigo. Agora eles voaram e eu me sinto só, sem ninguém para me levar às alturas, observar o mundo e rir dos trejeitos que acabei causando em mim mesma por estar perdendo a audácia em me aventurar. Os pensamentos nos destróem. E opiniões também.
A vida tem dessas coisas! Construímos, e o vento vem, levando tudo. Ensinamos o que sabemos, para um dia ficarmos à margem do rio, apenas observando a correnteza levar o que pensamos nunca ir. E para todos nós, mais dias, menos dias, nossas asas serão danificadas e nosso vôo controlado pela própria estupidez e preguiça de abrir mais vezes a gaiola e experimentar a vida, mesmo que sem a companhia esperada de alguém.
A culpa é só nossa! De como nos encolhemos, achando tudo perfeito e no seu lugar, esquecendo que o mundo é bem maior do aquilo que estamos acostumados a lidar. Não nos permitimos alguns verbos como conhecer, olhar e participar. Insistimos no "preciso, tenho que fazer e é meu dever". E, quando nos damos conta, a noite chegou e não enxergamos mais todo o horizonte, disponível por longos anos à nossa frente. O que conseguimos ver, são sonhos navegando para longe, deixando um cais vazio. O coração se agita, mas o momento passou e agora tudo que resta é nos acomodarmos na gaiola e esperar que pelo menos, a vista seja bela até o dia dos nossos olhos se fecharem para sempre.
NAMASTÊ
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