Autora: Josianne Luise Amend (JosiLuA)
A vida é muito mais do que acordar, trabalhar e nos relacionar. Isso é a rotina da vida, mas não sua essência. Todos nós somos mais do que aparentamos, tendo nas gavetas da alma segredos guardados a sete chaves, que nunca ninguém saberá. Por esta razão dizemos que não conhecemos ninguém profundamente, nem cônjuges, nem filhos, pais ou amigos.
Por mais que contemos a alguém nossos anseios ou histórias, nem nós mesmos sabemos ou lembramos exatamente o que aconteceu no nosso passado. Algumas palavras fortes foram guardadas, algumas imagens marcadas e até registramos o que nos contaram, sem ter a certeza da verdade, julgando pessoas e alimentando antipatias por elas. Mesmo assim, com o passar do tempo, certamente nossa mente pode falhar e a imaginação encaixará cores, palavras e situações para que tudo tenha significado e verdade para nós.
Remexer o passado é como exumar um corpo enterrado a algum tempo. Nunca veremos este corpo como era realmente. Ele estará cheirando mal e se decompondo. Assim são as lembranças de nossos traumas. Cada vez que o passado vem à tona, ele nos faz reviver angústias, medos e raivas. Se não soubermos o que fazer com estes cadáveres, eles nos assombrarão por muito tempo e o pior, de forma dolorosa, apodrecida e mal cheirosa.
A vida de todos nós é como um livro sendo escrito em capítulos. Quando queremos trabalhar os problemas, deixamos alguém ler algumas páginas, a fim de desabafarmos ou ter uma opinião de como seguir em frente. Normalmente, o livro é proibido, pois é escrito com sentimentos intensos e caneta mágica. Deixar alguém saber de parte da história nos faz bem, constitui relações e alivia o peso. Queremos que alguém entenda por que agimos como agimos, ou por que somos revoltados, rebeldes, acoados, displicentes, chorões, quietos, estúpidos e por aí vai. Não sabemos como lidar com toda essa turbulência de sentimentos conflitantes dentro de nós. Muitos são guardados por tanto tempo ou por toda a vida, causando desequilíbrios físicos, mentais e psíquicos.
Então, quem somos nós realmente na vida? Somos frutos de uma sociedade manipuladora, cuja regra é seguir por uma estrada que insiste em mostrar só riquezas e paisagens perfeitas. Precisamos mostrar aos outros que podemos e temos essa força, mas por dentro, talvez, gostaríamos de relaxar e seguir por caminhos simples, só respirando e sendo nós mesmos. Aliviar toda pressão que recebemos de pessoas e da vida, sermos limpos de nossos traumas e deixar a alma fluir sem nos preocupar com o que os outros irão pensar, pois cada um deve resolver-se conforme sua maturidade e despertar de consciência.
O grande mistério de nossas vidas está em realmente sermos acobertados pela alma que, de uma ou outra forma, estará guardando tudo em gavetas muito bem fechadas. Para entender a nós mesmos, acessamos algumas e retiramos empoeiradas as histórias que passamos, a fim de justificar tudo que somos. Mas ninguém até hoje teve a felicidade de limpar as gavetas e deixar espaço só para o que aprendemos de bom e trabalhamos com o intuito de sermos felizes. Porque o ruim nos dá a segurança de mentir, florear e atuar, não como seres reais, mas como os atores perfeitos que recebem os aplausos daqueles a quem queremos ou precisamos agradar. Ou seja, ser quem realmente somos, fazendo o que queremos, ainda é um sonho para muitos, que passam a vida tentando satisfazer o orgulho dos outros.
NAMASTÊ
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