Autora: Josianne L.Amend (JosiLuA)
Me imagino agora caminhando descalça pela areia da praia, sozinha, com a escuridão normal da beira-mar, onde só a lua reflete sua luz na água. Silêncio puro, apenas o barulho suave das ondas capilares. Sem medo, mas com muita paz no coração, me pergunto por quê? Mas não há resposta.
É um mundo estranho, onde amar não basta. Precisamos ser o que não somos ou fazer o que não sentimos vontade para sermos aceitos. Às vezes, nem isso basta!
Cada passo deixa marcas na areia e percebo que a vida não é uma linha reta. Vamos balançando aqui e ali, a fim de manter equilíbrio. Mas nem as ondas se importam com o que fomos ou passamos. Sem nenhum respeito, ela avança e apaga meu passado. O que fica é apenas a areia lisa pronta para uma nova passada.
Não vou voltar, não quero passar pelo que já passei, a não ser que pudesse deixar novas pegadas. Talvez mais suaves ou definidas. Então, continuar é a solução prática e menos dolorida. Devo prestar atenção aos meus pés? Eles desenham novos formatos na areia. E, a cada passo, entrego minha vida às ondas, esperando que pelo menos uma, ao cobri-los, leve consigo a lembrança de quem fui.
Entender a história de cada um e o que significaram ou significam em nossa vida, não é para alguém que se encontre em carne e osso. Lamentavelmente, há uma cortina de fumaça atravessando nossos olhos. Talvez o que vemos seja uma grande ilusão e o que achamos que sentimos, seja somente um mecanismo para acionar a grande ignorância escondida nas sombras da alma.
A lua sorri da minha ingenuidade e me sinto enraivecida. Quero mais, bem mais do que deixar pegadas na areia. Quero entender o que me trouxe até este lugar. Quero saber por que algumas pessoas são tão importantes e outras não. Por que algumas machucam e desprezam o que sinto, sem respeito com minhas pegadas. Quem são elas para agir como as ondas, me deixando sem passado e sem poder voltar?
Resolvo então entregar ao mar e à lua meus sentimentos. Mas uma força estranha me detém dizendo em meu ouvido que não posso ser vazia. Que sem eles, minhas pegadas não mais teriam a força necessária para deixar sob a terra minha esperança. E que sem esperança deixaremos um buraco no tempo...
NAMASTÊ
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