COMEMORAÇÕES

 Autora: Josianne Luise Amend (JosiLuA)

Ano passado e retrasado (principalmente), recebi muitas mensagens de Páscoa dizendo " fique na toca". E na toca nos reinventamos! Não poder nos reunir nos fez pensar que as festas tem esse significado de união, mesmo que ele seja apenas uma imposição que aprendemos por longos anos. E percebemos que se não seguirmos as regras, somos julgados de alguma forma.

Porém, essa união pode ou não ser sadia para o espírito e isto acontece quando nossa alma está ou não satisfeita com o que se passa diariamente em nossas vidas. Por exemplo: se estamos numa excelente relação, se a familia é presente não só em festas, mas participativa no dia a dia, aí vale a pena acrescentar mais um dia de alegrias. Mas, se as coisas estão estremecidas, as pessoas têm assuntos pendentes e só seguem o protocolo para aliviar a própria alma, não deveria ser imposto compartilhar ambientes, fingindo uma paz e felicidade que não existem.

O que queremos provar com isso? Que somos bons, que "deixamos pra lá " e que podemos recomeçar? Talvez realmente tudo recomece, mas até que ponto depois das festas a normalidade de sentimentos continua insistindo no desleixo das relações?

Reuniões festivas deveriam ser para aumentarmos os laços e não uma obrigatoriedade para fingirmos que a vida é bela e certinha. Quando temos diferenças, não é com uma festa, um almoço ou um jantar que tudo se apaga. E a porta que se fecha atrás de nós na despedida, deveria ser o passo para a libertação de tudo que ficou estagnado em nossos corações. Mas não é! Obviamente, voltamos com a sensação do dever cumprido,  mas a alma ainda cheia de perguntas sem respostas e incertezas para serem ajustadas.

Quanto mais velhos ficamos, mais percebemos que essa função vai nos cansando e deixando correntes que poderiam simplesmente ser abertas e os verdadeiros elos servirem para unir os corações plenamente. Infelizmente, a vida não depende de uma única opinião. E queremos nos dizer em frente ao espelho que fizemos a nossa parte, mentindo descaradamente para nos convencermos que não temos problemas e somos bons.

NAMASTÊ