Parece que esses três sentimentos não se misturam, ou não tem nada a ver um com o outro. Mas, ao contrário, eles convivem dentro de nós confundindo nosso julgamento sobre o que realmente estamos sentindo.
Somos testados o tempo todo com atitudes rudes, inesperadas e cruéis das pessoas. Imediatamente, o sentimento que surge é a raiva e tendemos a reações abruptas de agressão física ou verbal ou simplesmente nos machucamos profundamente, guardando o que chamamos de vingança para mais tarde, seja através de ações ou apenas "esperando" pacientemente o momento certo de revidar ou de que a vida revide. E somos tão diabólicos, que até torcemos para que isso ocorra e nosso sorriso sinistro se manifeste.
Passada a raiva, adentramos num mundo de percepções e começamos a analisar a situação, o que poderíamos ter feito de melhor para evitar o processo, ou o que levou a tudo isso. Algumas vezes nos sentimos culpados, noutras bloqueados para sempre nos sentimentos que sentíamos por aquela pessoa que nos causou desequilíbrios.
Quando essa pessoa é mais próxima, isso é mais difícil de ser encarado e administrado, já que o convívio nos força a encará-la. Mas, às vezes, é apenas alguém do escritório ou um conhecido da vida e começamos a evita-la.
E o que tem os três sentimentos em questão, então? Eles simplesmente são importantes e quase fundamentais para que o problema se resolva ou tome uma direção nova em nossas vidas. Quando dizemos que já perdoamos alguém, muitas vezes dizemos da boca para fora, quando na verdade ainda remoemos as lembranças e elas nos ferem a cada recordação. Procuramos evitar a pessoa, nem tanto porque temos ainda raiva dela, mas por proteção. Não queremos nos magoar novamente, nem ter que voltar ao passado e falar sobre o que aconteceu. Alguns conseguem fazer isso e limpar de vez a imagem ruim que ficou, levando a vida adiante. Outros, ainda tem dificuldade, devido a mistura de sentimentos envolvidos em tal briga ou discussão. E pode levar muito tempo ou para sempre a não resolução.
Na verdade, são casos a casos. As pessoas tendem a guardar mágoas e misturá-las em outros assuntos que não tinham nada a ver com o anterior, causando um caos e aumentando a ira do momento. Fica mais difícil perdoar, já que o prego é mais largo no coração. Mas há quem tente e faça de coração. Há os que fingem, apenas para conviver e há ainda os que nunca mais consigam se integrar na mesma energia daquela pessoa maldosa.
Seria um erro não perdoar quem vive lhe prejudicando, seja material, física ou emocionalmente ou erro seria perdoar e deixar que tudo acontecesse novamente, porque aquela pessoa não muda e acha que ferir é uma forma de impor-se perante ao mundo?
Podemos perdoar sim, mas a nós mesmos! Perdoar é uma maneira de desobstruir aquela energia ruim que brota no peito quando pensamos em quem nos prejudica. Deixar ir essa energia, tornando nossa vida leve. Esquecer parece não ser uma opção, já que as memórias se fixam em nós. Acontece que temos que ser inteligentes quanto às nossas escolhas. Se preferimos ou somos obrigados a conviver com tal pessoa, temos que colocar panos quentes, sabendo que, muitos deles, acabarão nos sufocando. Isso causa explosões insanas.
Quando somos feridos apenas uma vez , fica mais fácil deletar e seguir adiante, se gostamos da pessoa. Mas a frustração de sermos feridos por diversas vezes ou em ocasiões totalmente inesperadas pode levar a um rancor maior e mais difícil de libertação. Há algumas escolhas a serem feitas quanto a esses momentos: perdoar e realmente esquecer, sem levantar o assunto a cada discussão diferente; perdoar, desejando felicidade e paz para aquela pessoa, mas sair da vida dela porque não há mais afinidade e confiança, protegendo-se desse convívio insalubre; ou não perdoar, conviver com a dor dentro de si por puro orgulho, enviando ainda energia ruim para o outro, através de pensamentos, comentários e até desejos maldosos.
Cada uma das escolhas trará em nós mudanças para melhor ou pior. E deveremos arcar com os resultados disso. Achamos que nunca teremos retorno dessas escolhas, mas o tempo todo eles nos são apresentados, sejam através de benefícios, sejam pelas doenças que surgem ou preocupações inesperadas com os que amamos.
Façamos o melhor por nós e nossa alma. Façamos o que será crescimento e o que nos deixará seguir adiante sem perder tempo com pessoas e atitudes mesquinhas. Temos que nos libertar de tudo que nos afeta o emocional, para termos a força suficiente de encarar os problemas de nossas vidas. Pois é exatamente essa força que gera a libertação e amadurecimento da alma. Respiremos profundamente, olhemos para o horizonte e caminhemos, pois é lá que encontraremos o que se pode chamar de paz de espírito, o grande fortalecedor da vida.
NAMASTÊ
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