O FILHO QUE NÃO NASCEU

Autora: Josianne Luise Amend ( JosiLuA)

Ultimamente, tenho visto muitos filmes que, por coincidência, retratam a perda de um filho ainda em gestação. Tenho um caso desta tristeza na minha família. E o sofrimento que uma mãe tem quando deseja este filho, jamais pode ser medido ou questionado. Muitas mulheres não conseguem superar esta perda e acabam tendo problemas psicológicos latentes e emoções que não compreendemos, por toda a vida.

É lógico que não são todas. Algumas conseguem a superação através de outros filhos e de uma mente mais preparada. Sorte delas conseguirem tal controle, pois a ligação mãe-filho (e nesta ordem) é realmente insuperável e a perda por demais dolorosa. Só quem é mãe sabe bem do que estou falando.

Perdi um neto desta forma! Seria o quarto netinho que teria. Falo dele no masculino porque nossos corações simplesmente sabem que seria um menino. Nas minhas meditações sempre o contato e o abençôo. Mesmo em outro plano, ele faz parte de nós. Minha filha o chama de Lorenzo e eu, não sei bem por quê, ouvi seu nome na meditação como Eugênio. Então, para mim ele é o Eugênio. Hoje teria cinco aninhos.

O dia das mães está chegando e é um dia em que todos lembram do ventre vieram. Seja lá qual a relação que tenhamos com a nossa mãe, de uma forma ou outra falaremos ou pensaremos nela neste dia. Tenho certeza que as almas que não encarnaram também estarão tocando o coração dessas mães e as abraçando.

Às vezes, fico tentando descobrir que sentimentos tiveram que lidar algumas mães, como a de Jesus, às dos religiosos de todos os tipos, as que estão em asilos por infinitos motivos, as de militares que vivem em guerras e algumas outras que não lembro agora. Seriam elas mulheres especiais com missões despercebidas dentro de suas almas e com tamanha resiliência?

Mas, de alguma forma, elas chegaram a ver e abraçar seus filhos, enquanto aquelas que perderam um no ventre ficam só na imaginação e nos sonhos. A mente humana é muito complexa, seus caminhos ainda são desconhecidos. Cheia de labirintos, ela prega peças, nos tira o equilíbrio e debocha da nossa capacidade assertiva. Então, realmente não deve ser nada fácil levar esta bagagem, inserida sem permissão na vida e que sempre estará lá fazendo perguntas, sem receber respostas.

Este texto é para as mães fortes e corajosas, que continuaram vivendo, talvez sem terminar as peças do quebra-cabeças e sem demonstrar as rachaduras do coração para poder dar felicidade aos outros filhos. Aquelas que sorriem muitas vezes com os lábios, mas choram com o olhar profundo da alma. Elas são mães que precisam do carinho e compreensão por seus atos loucos, seus gritos frustrados e suas insanidades temporárias,  querendo apenas externar sua grande tristeza.

E, ao meu querido e abençoado neto Eugênio, saiba que sinto profundamente nosso encontro num reino distante, mas iluminado e feliz, num dia já predestinado. Te amo!

Feliz dia das mães à todas que estão aqui cumprindo sua missão ou que já se foram. Benditas sejam minhas avós, sábias mulheres e mães que muito legado me deixaram. Bendita minha mãe que guarda tão bem dentro dela suas tristezas, mostrando força e alegria. E bendita minha filha, que faz de tudo para continuar sua grande tarefa. Gratidão ao plano divino. 

NAMASTÊ