Autora: Josianne L.Amend (JosiLuA)
O vôo é longo, muitas vezes anestesiado com o calor do sol e do vento. Noutras, exaustivo e até perigoso com a chuva torrencial e os raios a cair. Mas não há como parar de voar, pura e simplesmente porque ainda resta a esperança, a vontade de viver.
Algumas vezes o pássaro faz vôos rasantes, diverte -se com sua própria coragem. Enfrenta outros pássaros em seu caminho, mas a habilidade em desviar é um de seus maiores valores. Acredita ter espaço para todos, mesmo que alguns não pensem assim.
Na maior parte de sua vida acredita. Acredita em si, na jornada, na batalha que deve enfrentar e em alçar vôos cada vez mais longínquos, onde possa vislumbrar o mundo. Mas algumas vezes acaba encontrando obstáculos. Talvez alguns, jamais imaginasse que existiriam em sua vida.
Para poder continuar, precisa refazer suas forças, planejar novas formas de voar e até outras paragens onde possa se sentir mais feliz. Outros pássaros também têm esses dias, mas questionam o que resolve mudar, porque talvez aqueles não sejam providos de tanta coragem. Não o compreendem.
O pássaro, apesar de toda força, coragem e esperança, voa agora ferido, chovendo pelas paisagens lágrimas de tristeza e incompreensão. Por quilômetros ele busca seu lugar ao sol, enfrentando aves maiores, rajadas de vento e solidão. Mas não se entrega, sabe bem a força que tem em seu coração. Apesar de machucado pelas intempéries da vida, acredita que alguns detalhes mudam o foco e cria nele, novamente, a vontade de ser feliz.
Por não ter a mínima idéia do que vem pela frente, apenas continua. Busca seu ritmo ora agitado, ora mais fraco, sabendo que nos dias de sol suas asas brilham. E é nestes dias que sente um poder maior em si mesmo. Ao aconchegar-se no galho de uma árvore para descansar, observa a vida ao seu redor e percebe a imensidão de aves que parecem mais brilhantes, porém que acabam sendo comidas pela própria cegueira e vaidade. Outras, nunca saem do seu abrigo, são medrosas. E ainda outras, só atrapalham o vôo das que se aventuram. Percebe o mundo como um lugar maravilhoso, cheio de diferenças, pronto para quem tem vontade de desvendar.
Então esse pássaro, ferido em seu coração, não se entrega. Acredita que ganhou essa vida para aprender tudo que possa, desde novas maneiras de bater as asas, até como se encaixar numa árvore forrada de outros pássaros. Não sabe de onde veio e para onde vai. Apenas quer saborear o gosto de mergulhar numa queda livre de uma grande montanha, chegando tão perto do chão que algumas penas varreriam as folhas. É um aventureiro, um guerreiro, um símbolo para outros pássaros. E, mostrando toda a sua gratidão ao grande sol, continuará sua viagem até que suas asas não mais suportem o peso de seus anos e venha a ser novamente parte do invisível.
NAMASTÊ
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