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Coração Aberto

Quando decidi escrever me senti uma borboleta saindo do casulo. E junto com ela saíram os sentimentos e os pensamentos que muitas vezes não conseguimos transmitir. Descobri que ser poeta é opinar sem medo, escrever é desvincular-se de segredos e expressar-se é viver intensamente.

JosiLuA

domingo, 15 de novembro de 2020

A JANELA PRECISA ABRIR

 Autora: Josianne L.Amend (JosiLuA)



Hoje, ao ficar na fila para votar, fiquei observando as pessoas e pensei na mudança de nossas vidas. Todos pegos de surpresa, percebemos que não somos mesmo donos do destino. De uma hora para outra, nossos olhos são nossas identidades.

Suamos embaixo das máscaras que agora fazem parte da vestimenta, como se ao retirá-las em público a nudez da inconsequência fosse uma arma contra nós mesmos.

Para parecermos mais charmosos, as máscaras são coloridas, com estampas, de tecidos diferentes. É como se isso agora fosse importante. Somos tão estranhos... consideramos a estética sempre em primeiro lugar, esquecendo a real função do objeto.

As notícias ainda não são animadoras quanto à cura e a estabilização da doença e seguimos vivendo com receio de ir e vir, receber e encontrar pessoas. E quem não está nem aí devia lembrar que tem um papel na comunidade.

Aos poucos, vamos saindo da toca como ratos, espiando como faremos para chegar ao queijo sem que o gato nos ataque. Mas o tempo voou, o ano está no fim e, ao olhar para trás,  parece que a vida pediu um tempo.

Muitos perderam,  muitos morreram, muitos precisaram de ajuda e inovação para sobreviver ao caos. Tínhamos medo da bomba atômica, das guerras e até dos políticos corruptos e gananciosos. Mas foi um pequeno ser invisível que nos fez acordar para observar melhor quem somos e o que pode nos tirar do páreo. 

Olhamos mais nossas casas, nossas coisas materiais, rezamos mais, percebemos melhor nosso corpo, nossa alimentação, aprendemos a cultivar, plantar, limpar, mesmo não querendo ou gostando. Pela necessidade de fazer algo para não enlouquecer ou deprimir.

Não viramos experts, mas abrimos um leque de descobertas de nossos potenciais. Contudo, estamos sentindo a solidão mesmo em grupo. Há um buraco na alma. Falta algo que não sabemos exatamente, mas que nos faz realizar vídeos, lives e tantas outras opções de chegar até os outros para falar, conversar e nos sentir aptos e presentes. Isso tudo tem a ver ainda com nosso costume de não parar para ver a vida que pulsa dentro de nós. 

Sim, quem não sabe mais como e o que fazer, está buscando isso. Para estas pessoas, faz bem lembrar ao mundo que estão vivas. É óbvio que o foco é vender ideias, imagem e produtos, mas inconscientemente, vendem a si mesmas.

Precisamos saber e sentir que ainda temos o controle de nossas vidas e que nosso trabalho não pode ser atingido. Temos que sobreviver. Vemos pessoas desafortunadas pelos noticiários, mas nunca imaginamos que, mesmo tendo tudo que conseguimos, poderíamos nos sentir assim, sem ação, sem chão,  sem poder.

Mas o tempo, o mundo, o planeta está perguntando-nos quem é capaz e quer inovar, continuar, melhorar a si mesmo e ao seu redor, pelo menos. Quem pode ajudar o outro, quem pode lembrar não só de si e, mesmo distante, ser gentil e prestativo.

E é assim que termino este texto de hoje, questionando qual é o nosso aprendizado? Será que alguém sente mudanças dentro de si ou será que, ao retirar a máscara, as pessoas apenas voltarão a fazer com que o mundo continue igual, sem modificar pelo menos o mínimo para que haja vida para as crianças que hoje, nem sabem ao certo o que estão passando? 

Cada máscara contará uma história e  deveria ser emoldurada para que não esquecêssemos quão frágeis somos, mas que a união pode e deve ser cultivada. E que nossa consciência deve urgentemente ter uma transformação. 

NAMASTÊ 

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