Autora: Josianne Luise Amend (JosiLuA)
Vou falar de um assunto que todos passam e têm na família, mas escondem porque querem demonstrar perfeição. Na verdade, nenhuma família é perfeita.
Ao nascer, nos tornamos filhos e como tais exigimos de nossos pais toda atenção. Nos tornamos crianças exigentes, querendo coisas que eles, podendo ou não, se desdobram para nos dar. Mesmo assim, já começamos a cobiçar o que o outro tem, seja ele amigo ou irmão. Cobramos dos nossos pais atenção, amor, carinho e não nos importa o que eles mesmos precisam para suas vidas, afinal são nossos pais. Eles têm o dever de nos dar o que queremos, caso contrário já começamos formar sentimentos como raiva, mágoas e mau humor.
Durante nosso crescimento, somos ensinados a agradecer presentes, mesmo que não nos interessem. Em busca de amor, chamamos a atenção de várias maneiras, seja pela ajuda, abraços ou nos fazendo compreensivos, seja por atitudes irresponsáveis e até perigosas. O que importa é que nos olhem. O reflexo de tudo se dá nos estudos, nas amizades e nas escolhas que fazemos para uma vida que nos alivie das tensões.
Nisso tudo estão nossos pais, preocupados com nossa educação, alimentação e vida em si, mesmo que não pareça. Mas exigimos mais e mais. Exaurimos suas pobres almas até nos libertarmos de suas vidas. Pronto! Agora somos donos de nós! Seja o que fizermos ou escolhermos eles receberão um "já sou grandinho" ou "não se meta na minha vida". Mas eles continuarão preocupados e até sofrendo se não soubermos escolher um bom caminho.
Ao pensarem que suas vidas agora podem respirar um pouco, os pais buscam viver. Viajam, se divertem e agora podem sair e visitar amigos. Mas se engana quem pensa que tudo é um mar de rosas. De repente, os problemas batem às suas portas, pedindo ajuda financeira, conselhos ou porque fizeram algo errado. Os pais nunca deixam de acolher e se preocupar. Mas os filhos pensam que este porto seguro está apenas cumprindo seu papel e dever. Não pensam que as forças da juventude estão se dissipando com toda carga de suas vidas. E, se eles começam a se queixar de alguma dor, ao invés do aconchego recebem irritação e deboches. Os cuidados ficam por conta deles mesmos.
Os filhos não querem chegar no ponto de ter que cuidar de seus velhos, isso é cansativo e um fardo. Eles têm sua profissão, talvez seus filhos também. Mas os pobres velhos ainda existem e fazem de tudo para serem livres e não ouvirem tantas reclamações. Acreditam ter o mínimo de dignidade para conduzir suas vidas. Alguns filhos reconhecem a força deles, mas ficam sempre por perto. Outros, nem se dão conta de que tudo que a idade pede é complacência. Por tudo que se esforçaram, só pedem amor.
A vida se torna um círculo vicioso, cheio de exigências e doações. Conforme a idade chega, percebemos as dores de nossos pais e passamos a respeitá-las, se tivermos um bom coração. Olhar para a frente significa ver porque chegamos até aqui. Olhar para trás, nos fará entender todo ciclo e o que fizemos com aqueles que nos trouxeram ao mundo.
Sejam eles rispidos ou amorosos, atenciosos ou desligados, educadores ou mesquinhos, todos os pais tiveram pais e estes seus pais. A linhagem pode ter sido suave ou dura. Um dia, se tivermos sorte, estaremos na posição de sentir se fomos importantes e bons o suficiente para que nossos filhos tenham prazer e amor em dedicar a nós o que dedicamos a eles durante longo tempo. Ninguém é obrigado a nada, mas se dedicamos uma vida pelos filhos, porque não poder receber um pouco de atenção quando o corpo já não fornece tudo que necessitamos para tocarmos sozinhos. Muita gente quer ser amado nas redes sociais, precisando de auto-estima. Talvez seja melhor receber o melhor dos abraços vindo da interação pais e filhos. Porque esta ligação é sagrada! E só nos damos conta disso quando a perdemos para sempre.
NAMASTÊ
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