A SOLIDÃO DA IGNORÂNCIA

Autora: Josianne Luise Amend (JosiLuA)

 A solidão é anímica e não física.

Preenchemos o vazio com afazeres como leitura, trabalhos manuais, culinária, passeios. Qualquer coisa nos distrai e nos faz esquecer a falta de companhia e que estamos sós.

Mas, há algo que nos faz perceber que talvez sejamos desinteressantes para o mundo, ou pelo menos para algumas pessoas. A simples falta de resposta faz emergir esse sentimento de exílio, mesmo estando numa multidão. Quem já não experimentou essa sensação de tentar participar de um mundo que não te ouve e que ignora tua opinião, carinho ou sugestão? Parece até proposital e às vezes é. As pessoas têm medo de quem as contraria ou sabem um pouco mais.

Dependendo de como elas encaram a vida e situações, suas crenças, ou quando nos mostramos personagens contrários ao grupo, com opiniões diversas, fica óbvio a exclusão ou ser ignorado. Alguns levantam a voz para nos calar e não nos ouvir, outros levemente ajustam o corpo para nos dar as costas e há ainda aqueles que saem de fininho. E nos sentimos deslocados e sozinhos.

Essa é a solidão mais doída e maldosa que qualquer pessoa possa sentir na vida. A atenção é importante, mesmo que o momento seja maçante ou inapropriado. O correto seria dizer gentilmente "não quero falar sobre isso" e terminar a conversa. Há, nas atitudes de desprezo deixando alguém falando sozinho, muita falta de respeito. Muitos se aproveitam disso para diminuir e até fazer com que alguém se sinta ridicularizado, com sorrisos debochados, porque se sentem orgulhosos demais com si mesmos.

A dor passa e nos faz crescer, nos tornando mais seletivos quanto às amizades e às relações, mas deixa problemas emocionais na vida. É aí que vamos deixando para trás histórias, buscando outras mais qualificadas ao nosso estilo de vida, e que nos fazem sentir que temos algo a oferecer que interessa a alguém.

Não há solidão física, mas da alma. E ela define sentimentos e pessoas, mostrando nosso verdadeiro lugar no mundo. E, mesmo tendo laços importantes como os da família, por exemplo, se não nos encontramos como parte de uma tribo participativa e atenciosa, acabamos saindo em busca desta atenção em outras paragens.

Pode ser que este corte nos traga uma vida melhor ou que sejamos tão carentes a ponto de entregar de bandeja, a quaisquer pessoas, nossas vidas. Eis o grande perigo de se sentir tão sozinho! Hoje em dia, a tecnologia está fazendo uma parte que buscamos, mas mesmo assim ainda estamos sujeitos ao menosprezo.

Então, se temos força mental suficiente para não nos ferirmos com o desdém e o desamparo, talvez consigamos passar pelo mundo sabendo que nem todos se interessam por nós e nossas vidas. Tudo é uma questão de se encontrar. E aqui não estamos falando de desculpas  de preocupações e cabeças quentes, mas da certeza de que fomos vistos, ouvidos, mas ignorados. Então, para terminar este texto, desconsiderar ouvir a quem merece até por respeito, pode nos levar um dia à verdadeira solidão.

NAMASTÊ