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Coração Aberto

Quando decidi escrever me senti uma borboleta saindo do casulo. E junto com ela saíram os sentimentos e os pensamentos que muitas vezes não conseguimos transmitir. Descobri que ser poeta é opinar sem medo, escrever é desvincular-se de segredos e expressar-se é viver intensamente.

JosiLuA

terça-feira, 29 de março de 2022

PASSEIO NA PRAIA

 Autora: Josianne Luise Amend (JosiLuA)



Fui andar na beira da praia, não interessa aqui se física ou mentalmente, na escuridão, somente com a luz da lua a brilhar no mar. Sempre fui apaixonada pela beira-mar e pela energia incrível que tem nesse lugar, quando estamos sozinhos.

Precisava dessa energia, precisava pensar e me sentir mais perto do cosmos. Há muita paz para o espírito!
Durante a caminhada, ouvi um barulho de algo se quebrando. Parecia que eu havia pisado numa concha. Mas nao era. Estranhei, mas continuei, conversando comigo mesma, fazendo algumas perguntas e não obtendo respostas.

Numa respiração profunda, de braços abertos, novamente o barulho. Estava muito perto, próximo demais. Percebi que vinha de dentro de mim. Coloquei a mão no peito e senti a vibração confusa e lânguida do meu coração.  Ele estava se partindo...mais um pouco, mais uma vez. Tentei segurar meu peito com as duas mãos,  numa forma de não permitir a decadência deste órgão do amor. Foi quando uma voz suave invadiu a escuridão e me alertou, dizendo que nós humanos, vivemos quebrando a couraça que protege este órgão.  Que nos ajudam a restaurá-la, mas que teimamos em nos machucar, em trincar o que já tinha sido colado.

Me senti envergonhada e insegura. Como não me cuidei, para deixar que meu pobre coração fosse atingido pela tristeza, decepção, saudades e tantos sentimentos pobres? A voz me disse que nada faria ele voltar a ser o que era. Como uma porcelana, eu poderia ajeitar aqui e ali, mas os traços da trinca estariam marcados. Poderia enfeitá-lo, talvez bordar ou pintar algo que apagasse as feridas, mas elas estariam eternamente marcadas. E que eu deveria me cuidar mais, para que nada pudesse o atacar ou ir minando sua beleza. 

Senti uma luz repentina entrando no meu corpo e respirei melhor.  A voz ajudou-me, libertando o nó que  apertava meu coração.  Desandei a chorar e senti a leveza da espuma do mar cobrir meus pés.  Isto me chamou para o aqui e agora. E pude ver uma estrela cadente cruzando a negritude da noite. A leveza do momento trouxe música no lugar do triste barulhinho. Percebi que estamos muito além do que imaginamos.

Entendi que nossas vidas, tão preciosas, são constantemente machucadas por palavras, pessoas, atitudes, falta de amor, de esperança e de fé. Que nos achamos tão poderosos, egoístas e orgulhosos, sem perceber que tudo tem tempo para acabar. Sem nos darmos conta de que trincamos o nosso e outros corações e, só quem busca o silêncio,  conseguirá ouvir o barulho ensurdecedor que estamos causando no mundo com tantos corações partidos. Mas que,  infelizmente, nada se conserta por completo. É isto que se chama responsabilidade.

NAMASTÊ 

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