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Coração Aberto

Quando decidi escrever me senti uma borboleta saindo do casulo. E junto com ela saíram os sentimentos e os pensamentos que muitas vezes não conseguimos transmitir. Descobri que ser poeta é opinar sem medo, escrever é desvincular-se de segredos e expressar-se é viver intensamente.

JosiLuA

quarta-feira, 4 de abril de 2018

A VIDA ATRAVÉS DA VIDA

Autora: Josianne L.Amend (JosiLuA)

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Eu sei que passamos por diversas fases em nossas vidas e que cada uma delas parece acionar uma parte do cérebro onde somos mais ou menos conscientes de nossos atos, de nossas decisões e, por que não dizer, de nossas crenças.

Estou numa fase de tantas certezas, que me sinto em paz. Apesar de me sentir, por algumas vezes, incompreendida na forma com que vejo o mundo, não deixo minhas convicções serem banidas de minha vida. Pois sinto que este é meu caminho e, se não tiver a força necessária para continuar, terei deixado para trás o motivo maior de minha existência.

Ontem, ao voltar para casa de ônibus, encostada próximo às janelas e em pé, sentia meus cabelos brancos voando de forma desordenada e me dei conta que não me importo mais se estou sendo bonita ou não aos olhos dos outros. Porque o que estava importando era o vento, a sensação de leveza e frescor que me invadia. Lembrei-me do quanto me preocupava com meus cabelos, pois sempre usei franjas para cobrir minha testa. Nunca me achei muito bonita de testa exposta. Hoje, nos meus lindos cabelos brancos, mostro a testa, pois não aguento me sentir encalorada com cabelos nela. E estou pouco me importando se isso me fará mais bela ou não. Apenas quero viver como "eu" desejo e não para agradar mais ninguém. Isso é tão bom!

Ao pensar sobre isso, me dei conta que deixei de olhar outdoors com marketing de pessoas exuberantes, com corpos sarados e tudo o mais. Não porque me incomodem, mas porque antigamente buscava me igualar a essas pessoas, tentando fazer de mim um instrumento de beleza e atração. Cansei disso! Alguns cansam mais rápido que outros, alguns simplesmente nunca cansam. Repito: estou em paz! É óbvio que a gente sempre procura se achar bonito e estar bem, mas para nós, não mais para os outros. E é isso que faz toda a diferença. Parecemos ligar um belo "dane-se se gostar ou não de mim" e com isso, aproveitamos mais a vida. 

Começo a perceber que quem gosta da gente, gosta pelo que somos. Quer nossa companhia porque nos acha atraente, não pelo corpo, mas pelo espírito, pelo papo, pelo sorriso, pela atenção. E é nessa fase que os verdadeiros amigos são descobertos e ficam ao nosso lado. O resto... é resto. Isto não é amargura, mas sabedoria e amadurecimento. Não há disputas, apenas a tenacidade de momentos iluminados e felizes.

Para se chegar nisso tudo é preciso se conhecer, é preciso se amar e é preciso ter paz. Ao olhar para trás, vejo minha vida repleta de coisas que me deixam feliz e também outras que me envergonham. Mas todas elas foram importantes para que eu chegasse neste ponto de encontro comigo mesma. Não estou julgando ninguém pelo que é e faz. Como disse, todos tem sua hora e sua descoberta. Eu me sinto neste ponto, onde a importância que dou a mim mesma é maior que beleza. Troco agora por força e saúde. É maior que um relacionamento onde não consiga ser eu mesma ou me encontrar. Prefiro estar só. E é maior que ter diversos "falsos" amigos, onde não te deixem falar ou se expressar. Prefiro ter um só que olhe nos meus olhos e me escute.

Nem todas as pessoas vão chegar a sentir tudo isso na vida. Algumas, talvez, vão bem mais além do que estou agora. Outras, não amadurecem, permanecendo no mundo sem realmente se conhecerem ou conseguirem ser elas mesmas, uma única vez na vida. E como julgar o momento de cada um, se talvez o que fazem ou deixam de fazer ainda seja o máximo que conseguem obter de si mesmas?

Já repararam como costumamos culpar os outros de nossos atos? Se traímos, dizemos que o fizemos porque o outro não se importava conosco, não nos dava atenção, não era bom o suficiente para o que "nós" julgamos ser o correto. Se somos traídos, vestimos uma máscara de inocentes, de coitados ou de infelizes, novamente culpando o outro de suas atitudes. Afinal, diante de toda a nossa perfeição, como alguém poderia nos trair? Estou realmente cansada destes assuntos, onde alguém tenta nos envenenar contra alguém. Como podemos julgar a maldade de outro coração, se nem ao menos nos damos conta de nossas próprias maldades e porque não dizer, incertezas?

Há uma vida através desta vida, sim. Uma vida de encontro com nós mesmos, onde a maior busca é pela paz, seja ela através de nos afastarmos de coisas e pessoas que nos sobrecarregam, seja através da busca pelo equilíbrio através do silêncio e autoconhecimento. É muito enaltecedor chegar nesta fase e sentir que somos donos reais de nós. Que podemos agora, e sem medo, escolher boas companhias, bons vinhos, bons lugares para conhecer, bons momentos para estar sós, boas conversas, sem que tenhamos, necessariamente, que agradar alguém. E, se por acaso, tal pessoa se afastar de nós, podemos lamentar ou simplesmente ser gratos. E, se nos afastarmos, que seja para buscar nosso equilíbrio e paz, mesmo que alguns não compreendam e te julguem. Estar centrados é o maior fator.

NAMASTÊ

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