Autora: Josianne Luise Amend (JosiLuA)
Quando o sol se põe, quando já não se define perfeitamente o que vemos à frente, a sensação é de que mais um dia de vida terminou. E uma incerteza sobre o tempo tem tomado conta de mim. Não sei se fico feliz com a noite, ou se tenho ânsia por um dia mais prolongado. É o peito apertado que incomoda.
Há dias que a ansiedade chega a me tirar o sono, principalmente quando deixo algo para terminar ou fazer no dia seguinte. Sinto que não era assim, que parece tudo sem sentido. Não sei se é a idade e a falta daquela responsabilidade em acordar cedo e ir trabalhar, ou se não há mais aquela vibração desenfreada de outrora. Tudo parece morno. O calor da vida está se apagando lentamente, mesmo que ainda tenha vontades e energia. É algo meio inconsciente, mas que se manifesta mais presente na solidão.
Até os sonhos parecem mais distantes e a impetuosidade dá lugar para dúvidas e questionamentos sobre se ainda vale a pena tanto esforço. Numa hora sinto a energia brotando por todo corpo, noutra sentir-me protegida num cobertor com um bom filme, parece me bastar. Talvez esteja cansada dessa confusão de um mundo desconhecido, cheio de transformações apalermadas, onde não me encontro mais.
Vamos envelhecendo e deixando de existir sutilmente. O que pensávamos precisa ser reciclado, o que fazíamos já está ultrapassado e o que somos está se tornando obsoleto. Não há nada de melhor idade quando se entende que vamos perdendo espaço. E tudo que sobra é inventar ocupação que chamam de diversão para passar o tempo.
O que acontece é que não há mais rotina. Cada dia é único e livre para ser e fazer o que quiser. E talvez o cérebro humano tenha passado toda uma vida programando rotinas. Mas agora, surtamos por sair dela, por não ter agenda e apenas viver. Viver o que vem, viver o que vai. E não é fácil mudar uma mente planificada. Reprogramar sozinhos e em tão pouco tempo pode ser que seja o que chamam de sabedoria da maturidade. E não fazer algo por isso, pode nos levar a nos esquecermos de quem somos e o que estamos fazendo aqui.
NAMASTÊ
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