Autora: Josianne Luise Amend (JosiLuA)
Um dos esportes mais interessantes das olimpíadas, e que me chamou a atenção, é a corrida com bastão. Quem não fez isso, pelo menos uma vez na vida, nas aulas de educação física? Só que fizemos com o intuito de cumprir a função na ginástica, sem pensar o quanto este ato é repetido durante a vida.
Lembrei das minhas avós deixando seus livros de receitas, seus temperos nos vidros, seus vasinhos de flores, quando se foram deste mundo. Lembrei do meu pai deixando suas ferramentas e por que não dizer, seus cuidados com a mãe, quando ele nos deixou. Comecei a analisar a vida como uma corrida de revezamento, onde confiamos em quem está correndo conosco, para levar adiante os legados dos antepassados. Vamos ficando para trás, desacelerando até sair da raia.
Mas é interessante ter em mente a importância de passar o bastão, confiando que quem o recebe, fará o trabalho certo, tirando o melhor proveito da corrida para entregar ao próximo. Criamos uma equipe na nossa existência chamada família ou amigos. Observamos aqueles que mais se interessam pelas coisas que também amamos e procuramos ensinar como devem receber o bastão e correr a vida. Nem todos têm a mesma disposição ou interesse e, por isso, temos que deixar o bastão nas mãos de quem possa dar continuidade, não com intenções interesseiras, mas com amor pelo mesmo ideal.
Contudo, existem momentos na vida que podemos passar o bastão pelo cansaço, pelo estresse ou por nos acharmos excessivamente carregados. Não devemos ter medo de passar o bastão por algum tempo, deixando que outros corram por nós, até que o corpo se refaça, a mente se tranquilize e o coração volte a bater ritmado. Isso não significa fraqueza, mas inteligência e cuidado com toda equipe que torce pela nossa presença e recuperação, porque precisam de nós de alguma forma e em algum momento. Portanto, devemos estar atentos à nossa saúde e correr até o ponto de poder entregar este bastão, sem orgulho ou medo.
Ninguém nos substitui, apenas corre junto à sua maneira e tempo, ajudando toda equipe a ter um bom resultado nesta grande corrida. Adoro abrir os livros de receita e ver a letrinha da minha avó ou me dedicar aos biscoitos de Natal aprendidos com a oma. Cada vez que uso minha furadeira, lembro do meu pai. E, quando cuido das netas, estou representando meus filhos, enquanto estão ocupados. Um dia passarei o bastão por tudo que sou ou tenho e já observo quem são aqueles que poderão cuidar dos meus cristais, vasos de flores e livros de receitas.
A vida é simplesmente maravilhosa, lutamos pelas coisas e buscamos aprender. Mas cabe a nós entender que nada é realmente nosso e que tudo que temos, um dia será de alguém que poderá ou não acolher nosso bastão e passar adiante, fazendo com que nossa raia brilhe nesta grande corrida. Se alguém o deixar cair, cabe à toda equipe ajudá-lo a voltar com resistência e vontade de evoluir. Sejamos empáticos com quem corre conosco.
NAMASTÊ
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