Autora: Josianne Luise Amend (JosiLuA)
Algo aconteceu e abriu-se uma lacuna. Não importa se foram palavras, atitudes ou incompreensões . A lacuna se expandiu e o espaço começou a crescer, dia após dia. De um lado o orgulho, do outro a dor. Difícil definir qual dos dois é mais necessário ou mais descartável. Porque é assim!
Enquanto não se define nada, o tempo se prolonga e algumas lembranças se desfazem numa névoa densa em algum lugar no coração. Quanto mais se distancia, mais se acostuma com a ausência. É assim que acontece quando morremos. As lágrimas vão secando e há dor apenas nas lembranças boas que ainda resistem ao pó mental.
Neste vácuo perde-se sorrisos, olhares, confidências, toques... Tudo despenca num vazio irrecuperável. É ficção recuperar o tempo perdido, porque a cada dia há transformações, já não se é a mesma pessoa. Muda-se sentimentos, opiniões, desejos e até a mente. E ninguém tem culpa, a vida é assim.
Dar marcha a ré? Criar pontes sobre o vácuo? É possível tentar, se ainda houver o único sentimento que é capaz de selar cicatrizes: o amor verdadeiro. Nem o simples amar consegue ser tão aderente. Acaba se soltando como um balão voando pelo céu.
Dos dois lados haverão sentimentos conflitantes a serem digeridos. Uns levarão mais tempo que outros, conforme a proporção dedicada no coração. Por mais orgulho que haja, por mais dor ou ressentimentos sentidos, o desafio é decidir pelo perdão ou adeus definitivo. Eis a grande dificuldade: decidir o que realmente importa para que a vida siga em frente, satisfatoriamente.
Talvez nunca se saiba o que seria melhor, mas a decisão é fator incondicional. É nela que, num espelho, se enxergará quem realmente se é. Temos esse direito e dever a nós mesmos antes de acabar a estrada. A lacuna pode ser fechada e o passado só ter caminhos elásticos, onde se vai e volta correndo. Mas tudo sempre depende de ambos os lados para ter um ponto final.
NAMASTÊ
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