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Coração Aberto

Quando decidi escrever me senti uma borboleta saindo do casulo. E junto com ela saíram os sentimentos e os pensamentos que muitas vezes não conseguimos transmitir. Descobri que ser poeta é opinar sem medo, escrever é desvincular-se de segredos e expressar-se é viver intensamente.

JosiLuA

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

ESTAÇÕES

Autora: Josianne L.Amend (JosiLuA)

Resultado de imagem para a mais linda foto da primavera


Hoje vi luvas, um cobertor enrolado e pantufas prontas para serem armazenadas. Aquele casaco mais pesado e cachecol saindo de cena. Tive uma sensação estranha, já que ele estava despedindo-se sorrateiramente. Cheguei a pensar "não vá", gosto de dormir agarrada no seu cobertor e sentir-me protegida pelo seu calor. Mas compreendi que a vida são estações, em que subimos e descemos dos trens em destinos ainda inesperados. A única coisa que temos certeza é que em uma das estações, permaneceremos para sempre.

Abri as portas e as janelas e deixei que ela agora tomasse o lugar de quem se vai. Fui embriagada por um cheiro doce e peculiar de flores. Gostei dessa recepção! Além disso, ela trouxe junto, o canto da natureza, enlouquecendo corações femininos. As rasteirinhas saíram do armário e ela tirou da mala tecidos mais leves e um certo estilo desbravador de corpos. Apesar do querido amigo ter deixado o palco em grande estilo, mostrando toda luz que emanou durante alguns dias, ela reverenciou o momento e aproveitou-se dele para usurpar essa luz.

Não é tímida, se faz presente em cores e barulhos. Mas ela sabe bem que é apenas mais uma estação em que ficará retida. Logo dará lugar para outro momento e embarcará a fim de levar seu estilo para qualquer outro lugar. Enquanto se aloja, dá início a alguns sentimentos, cutucando o coração de alguns. Afinal, seu brilho e cheiro são como feromônios naturais que abalam a estrutura da natureza.

O lugar começa a ter uma paisagem diferente, as pessoas parecem mais animadas e dispostas. Já se enxergam os rostos, outrora escondidos em mantas e gorros. As cores das vestimentas já combinam com o arco-íris e até os animais saem das tocas para um passeio mais longo. Mas ela também pode esconder o jogo e, de repente, tirar da mala dias de chuva intensa, afinal precisa regar sua amiga natureza.

Nesta estação, as pessoas se preparam para o final de um ciclo. Sabem que logo virá o forte e torrencial calor. Aquele que não deixa a gente dormir, mas que nos empurra para lugares lindos para banharmo-nos em rios, cachoeiras e mares. Para alguns ele incomoda demais, desanima e não veste o mundo tão elegantemente. Mas não deixa de ser a estação que quase todos esperam pelas férias e descanso. Há tempos atrás me parecia mais suave e menos dramático. O sol era suportavelmente gostoso e convidava para passeios e banhos de luz. Não é fácil comportar-se em meias e sapatos, gravatas e paletós. Sempre pensei em como os homens aguentam isso.

Com o final das férias, ouvimos o toc-toc na porta da frente e ao abrirmos, eis que um vento gélido percorre o corpo, jogando para dentro da sala algumas folhas secas. Neste início, parece algo propício para nos tirar do sufoco do inferno. Pensamos imediatamente: - "Ah, que vento delicioso"! O trem saiu de fininho e deixou um novo morador chegar. Normalmente traz na mala as matizes do cinza e preto. E nosso querido sofá de tecido grosso volta a ser protagonista na sala de estar. Aquela xícara de chá ou chocolate quentinho já começa a sair da cozinha. As meias voltam a conquistar espaço no cesto de roupas.

Infelizmente, a vassoura também volta a ser mais usada, já que esta estação insiste em não querer ensacar os restos da natureza. Adora jogar tudo para o alto e saborear a dança das folhas no chão. Lembram da música lá na outra estação? Nessa, começa um silêncio próximo, deixando lugar para o chiado das árvores. E um novo ciclo vai se completando, modificando pessoas, natureza e a vida.

Podemos correr atrás da estação em que o trem for parar. Temos essa opção se não gostamos de receber alguma delas em nossas casas. Mas este ciclo nos faz sentir, observar e criar em nós um equilíbrio perfeito de vontades, sentimentos e emoções. Um dia, poderemos deixar de existir em qualquer uma dessas estações. E eu, em particular, peço que ser for na primavera, me encham de flores, se for no inverno, me cubram bem, se for no verão me deixem sem sapatos e se for no outono, deixem que as folhas amarelas cubram meu corpo. De qualquer forma, podemos aproveitar cada momento que temos a chance de ter, apreciando o ciclo de toda a vida. 

Comece hoje. Receba a sua querida prima Vera e encha de flores sua casa e seu jardim interior.

Namastê

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