Alguns tem mais coragem que outros. Às vezes, essa coragem é benéfica, por outras ameaçadora, quando não exterminadora.
Mas, a todo o momento somos despertados pelo barulho de algum sentimento batendo e pedindo para entrar. Invadidos de esperança, sentimento este que jamais se separa de nosso abrigo, abrimos a porta.
Recebemos a alegria, a prosperidade, a sorte, com satisfação. Elas são sempre bem-vindas. Em contrapartida, uma tempestade violenta, cheia de ventos, abre repentinamente nossa porta e damos de cara com a tristeza e a dor. Não sabendo nós, exatamente, como agir nesse momento, elas invadem nosso espaço e se alojam rudes e ardilosas, rompendo o silêncio e a paz.
Nenhuma tranca é capaz de segurar a força com que arrebentam nosso ninho, desprotegido e frágil.
E, se numa hora estávamos cantando e rindo, noutra estamos a nos debater em águas tenebrosas e sem enxergar o final da tempestade, afogando-nos em lágrimas e depressão.
Por outro lado, bons sentimentos também podem nos pegar de surpresa e confundir completamente toda a preparada estrutura a que nos dispúnhamos realizar. E o amor, que bate tenuamente, quase imperceptível aos sentidos físicos, mas amplamente registrado no coração, age sorrateiramente, enlouquecendo os sãos.
A vida dentro de nós é feita de surpresas diárias. Nunca sabemos que viajantes baterão à nossa porta.
Pode ser que nos surpreendamos com um batalhão de sentimentos dispostos a entrar. E é aí que muitos não conseguem manter seu próprio equilíbrio interno. Despencam para a confusão e a falta de controle, não reconhecendo a qual deles deve dar prioridade.
Buscar ajuda a fim de organizar a casa é uma excelente opção. Saber com quais sentimentos devemos lidar por primeiro é importante para haver um novo equilíbrio.
Alguns sentimentos realmente não combinam e até fazem questão de destruir outros. Por mais que nos achemos preparados, sempre a surpresa poderá vir acompanhada de algum outro sentimento e, sendo assim, despedaçar todo trabalho que tivemos para nos manter firmes em propósitos na vida.
Parece que alguns, ao abrir a porta, recebem mais friamente, sem se deixar abalar pelos sentimentos que provocam instabilidade. Talvez a forma com que foram criados, tratados ou ensinados possa influenciar muito na maneira como abrem suas portas.
Pessoas que não tiveram carinho, contatos físicos e só ouviram queixas a seu respeito se tornam tão secas que não são capazes de externar outros sentimentos que não sejam os de indiferença pelo que acontece ao seu redor. Pelo simples fato que têm raiva do mundo e que o mundo deva pagar por tudo que passaram, inclusive elas mesmas.
Não adianta fugir ao som da batida na porta. O que temos que fazer é reagir de acordo com os instrumentos que temos dentro de nós para amenizar dores ou alimentar sonhos. O que não podemos é deixar que tomem conta da nossa razão.
NAMASTÊ