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Coração Aberto

Quando decidi escrever me senti uma borboleta saindo do casulo. E junto com ela saíram os sentimentos e os pensamentos que muitas vezes não conseguimos transmitir. Descobri que ser poeta é opinar sem medo, escrever é desvincular-se de segredos e expressar-se é viver intensamente.

JosiLuA

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

OS QUE FICAM NAS COXIAS

Autora: Josianne L.Amend (JosiLuA)


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Tem vezes que a vida nos pede para silenciar apenas. Percebemos que não estamos atuando como a platéia apreciaria, os aplausos diminuem e apenas notamos que a energia não é a mesma para exibições e performances teatrais. Então, apenas deixar seguir é o melhor que podemos fazer.

A solidão é para os fortes, para aqueles que simplesmente não se importam. Mas estar sozinho num mundo tão grandioso é às vezes, entediante. Precisamos externar sentimentos, precisamos ouvir opiniões para que o cérebro volte a pensar, a analisar, a construir possibilidades.

Mesmo estando no centro do palco, aqueles que deveriam se importar conosco, nossa platéia, não comparece ou está alheia ao que interpretamos. Nossa atuação parece fraca, por mais esforçada e calorosa que tentamos encenar. Mas a platéia parece interessada em outros assuntos, mesmo estando ali, na sua frente. Isso é frustrante!


Resolvemos então encerrar a peça e nos recolher à coxia. E é justamente ali que aparecem, no meio da escuridão, vozes que não reconhecemos, pessoas inéditas com paciência e energia suficiente para nos olhar, nos enxergar, nos ouvir. Aparecem do nada, em um encontro casual na frutaria, no supermercado, na sala do médico. Conversam atentas ao telefone, quando a conversa profissional, acaba por desviar para um lado mais pessoal. Pessoas se encontram na necessidade de falar, de serem ouvidas.

Talvez jamais venhamos a conhecê-las profundamente ou até mesmo visualizar tal pessoa. Mas ela veio na hora certa. Pode ter deixado até aquele abraço que você, faz tempo, espera de tantas outras pessoas que se dizem amigos e familiares. Onde andará a sensibilidade? 

Os que ficam nas coxias, com certeza são enviados divinos. Não podemos nos apegar a eles, mas nos trazem a paz e o conforto que precisávamos em determinada hora. Eles, provavelmente, são os anjos que nos guardam, são os que nos fortalecem e não nos deixam sucumbir no meio da jornada.

Nós também somos da coxia para alguma pessoa em algum momento. Quem já não deitou a mão no ombro de alguém e o consolou, sem ao menos saber exatamente de sua vida? E aquela conversa ao telefone que alguém simplesmente começa a falar de um problema, tirando o foco da venda que tem que fazer? Se estamos na energia da coxia, ouvimos pacientes e sentimos o calor humano. Mas, se nosso momento é ser platéia, talvez achemos uma desculpa para desligar o telefone.

Os que ficam nas coxias parecem estar atentos ao espetáculo de nossas vidas, pois em algum momento precisam nos ajudar a não desistir de nosso próprio teatro. Talvez Deus os toque e na sua Infinita Luz, eles aparecem e nos salvam da solidão, da tristeza e da dor que sentimos. E nos fazem rir e nos sentir amados de alguma forma. 

Normalmente, os que se afastam da rotina, os que viajam muito, os que buscam sempre estar conhecendo lugares, também conhecem os "das coxias" com mais frequência. E sabem bem do que falo, pois estar sozinho não significa solidão. Devemos ser gratos a essas pessoas maravilhosas que nos surpreendem com seus gestos de bondade, sorrisos e atenção. 

O que nos faz continuar com força e fé são essas pessoas pois, se fôssemos nos importar com o desdém da platéia, jamais buscaríamos outros palcos para apresentar nossa peça. Sempre haverá um novo tempo que trará pessoas especiais, momentos únicos e pelo menos, o aplauso de alguém que, sem dúvida, pode ser nosso maior salvador.

Namastê

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