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Coração Aberto

Quando decidi escrever me senti uma borboleta saindo do casulo. E junto com ela saíram os sentimentos e os pensamentos que muitas vezes não conseguimos transmitir. Descobri que ser poeta é opinar sem medo, escrever é desvincular-se de segredos e expressar-se é viver intensamente.

JosiLuA

domingo, 24 de novembro de 2013

FAZENDO 52

Autora: Josianne L.Amend (JosiLuA)

 
"O que transforma nosso corpo não é a idade. São todos os sentimentos que temos durante a vida. Aqueles que movimentam nossas feições, músculos e interior"!  JosiLua


Às 14:30 hrs do dia 25 de novembro eu retornei. Já a 52 anos. Propósito? Creio que melhorar como espírito. Se estou conseguindo? Às vezes penso que sim, noutras acho que falta muito. Tenho tentado algo a mais do que me entreter só com ganhos e coisas. A busca ainda é fator primordial para mim. Entender, perceber e auxiliar. 

Ninguém pensa igual. Alguns estão pouco se importando se são de carne e osso ou se são criação de algum inventor maluco que poderá desligá-los a qualquer momento.

Alguns tem uma visão de Deus, outra de energia. Outros nem acham nada, querem apenas aproveitar a vida, materialísticamente falando.

Eu gostaria de fazer aniversários e a cada ano comemorar não minha idade, mas meu crescimento como ser humano e como espírito. A carne? Ah, essa já não é mais a mesma de 30 anos atrás, nem de 20 ou até de 10. Mas, e o aprendizado? Isso me preocupa. Aprender!

E vou dizer o que tenho percebido na vida. Na MINHA vida, pelo menos. Estou aprendendo que quando se chega a ter mais idade, acham que não conseguimos mais pensar, nos mexer ou nos adaptar com a atual realidade. Por isso, tão difícil se torna viver com dignidade através de um trabalho ou de um local de trabalho que seja recompensador. Pobres contratantes, sem querer tirar o crédito dos mais jovens.O pensamento realmente é muito diferente.

Estou aprendendo que amizades são como o amor: eternas enquanto durem! Mas, até que alguns amigos aparecem novamente em nossa vida, mais do que os amores.

Aprendendo que não se pode contar com pessoas que trabalham conosco, porque elas também estão defendendo seu ganha pão e o mundo está tão ganancioso que as pessoas têm medo de perder seu lugar ao sol. E não as culpo. Culpo o sistema, o governo mundial, o homem e suas idéias de ganhar, ganhar e ganhar.

Aprendendo que, ou eu aceito uma vida simples, sem grandes ostentações, mas talvez digna o suficiente para ter as pessoas que amo perto de mim e ser feliz, ou eu me vendo às tentações do capitalismo, achando que felicidade é isso: ter coisas e mais coisas. Juntar ambos? Alguns conseguem e são felizes, alguns fingem que são felizes, alguns escondem sua frustração. Sorte ou perícia? Talvez missão, caminho, desejo incalculável que faz a energia fluir.

Aprendendo que existe diferença entre família e familiares. Família são aqueles que estão lá sempre. Familiares de vez em quando e embora façam parte, nem sempre estão dispostos. E que o respeito é que vale, pois que cada pessoa tem seus problemas e deveres na vida.

Aprendendo que o corpo vai dando sinais de cansaço, mas que o importante é você querer. Querer se cuidar, querer ser feliz, querer aproveitar a vida. E no tempo que for preciso e necessário. Ninguém é eterno.

Aprendendo que já não importa mais você ser o centro das atenções, mas você ser atencioso com quem se importa com você. E você ter atenção especial com alguma coisa que seja importante, para que você se sinta bem e feliz. Ser o centro das atenções pode ser muito decepcionante no dia em que os olhares mudem de direção.

Aprendendo que o amor pode estar em algum lugar. Mas não o amor que primeiro te vê como bibelô, mas o amor que te quer como companhia. E este é o mais importante!

Aprendendo que já não há mais interesse na bagunça, nas multidões, na gritaria, nos desfiles de moda. Mas há muito interesse na leitura, no silêncio, nas viagens e nos sonhos que se imagina dia-a-dia. Na companhia certa, na hora certa. Nos abraços carinhosos, no aconchego de um ombro amigo, no sorriso de uma criança ou numa comida deliciosa.

Aprendendo que ter um pouco de mim nas miniaturas que surgem na família é nada mais, nada menos que mágico, um espetacular show da vida. Ter continuidade é eternizar idéias, pensamentos e transmitir aprendizado. Além de continuar aprendendo com o novo.

Aprendendo que cada um envelhece no seu tempo e que é jovem como quer. Que não se deve obrigar ninguém a fazer o que não quer, mas deixar que o curso de um rio siga aquele que foi traçado já a tempos.

Tenho grandes lembranças de minha infância, de minha adolescência e de minha juventude. Então quero poder ter também da minha maturidade. Porque quando realmente me sentir envelhecida, quero lembrar. E viver de lembranças é muito bom, quando o passado nos faz sentir vivos. Quando as lembranças podem nos fazer melhorar, sorrir e repassar pela boa energia vivida.

Por isso, ao completar meus 52 anos de vida, quero agradecer o meu caminho e cada planta que eu encontrei, cada pedra que eu pisei, cada pó que eu respirei, cada vida que eu olhei, cada amor que eu vivi, cada palavra que me chamou a acordar, cada abraço que me fez respirar novamente, cada sorriso que me fez acreditar e também cada estupidez que me fez desviar de um caminho sem luz ou de uma energia que era vampiresca.

Isso tudo é porque acredito e tenho fé. E, não sei o dia de amanhã, mas sei que hoje estou aqui. Faço parte do planeta e minha energia está compactada num corpo que me pertence e que faz de mim a mulher, mãe, avó, filha e tudo o mais que sou.

Deus, obrigada por mais um ano!
Filhos Felipe e Flávia obrigada por serem maravilhosos como são.
Netas Joana e Helena suas vidas acenderam luzes dentro de mim.
Meus pais, meus irmãos, vocês me ensinaram tantas coisas, obrigada!
Genros e nora, se estão aqui e agora é porque temos que aprender uns com os outros.
Aos demais, aprendi, mudei, perdi, sorri, chorei, ensinei, e vivi com as vidas na minha vida! E só por isso valeu e ainda vale a pena!

NAMASTÊ
 

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