Autora: Josianne L.Amend (JosiLuA)
Era uma casa sem muito amor. Aquela família vivia diariamente automatizada. Faziam tudo igual e mal se olhavam nos olhos. Acordavam, chamavam uns aos outros, se arrumavam, sentavam à mesa para o café, uns com aparelhos eletrônicos, outros já fazendo contas. Apenas uma única pessoa desta família observava seu alimento e o saboreava com gratidão. Além disso, ela também esperava uma oportunidade de conversar com alguém, mas todos comiam como robôs e estavam mais interessados nos seus objetos.
Mesmo assim, aquela única criaturinha era feliz, não julgava. Pois a maneira como vivia era de puro amor. Apesar de ser quase ignorada, o que lhe bastava era ter ao seu lado as pessoas que amava. E saber como elas estavam, o que faziam e como eram.
Convivia com aquilo há tanto tempo, que não reparara na própria solidão. Era suficiente estar ao lado delas. Às vezes sentia-se frustrada por querer contar uma novidade ou mostrar algo que tinha adquirido com esforço, sem que ninguém se importasse ou lhe desse ouvidos. Mas seu amor era tão intenso que acabava por deletar o sentimento de dor e tristeza no coração.
Um dia, para chamar a atenção no café da manhã, resolveu fingir que estava engasgando. Quem estava ao lado deu um tapinha nas costas e ouviu alguém dizer "tome um gole de água que passa". De nada adiantara fingir algo para chamar a atenção. Todos estavam mais interessados nas notícias e fotos das redes sociais, nos seus e-mails e toda forma de comunicação eletrônica.
Ela achava tudo aquilo uma bobagem, afinal a vida estava ali, à sua frente, mas todos tinham olhos apenas para máquinas. Preferia observar os passarinhos no muro da casa buscando comida, o sol brilhando por detrás das cortinas e os pequenos grãos de poeira brilhando através de seus raios, dançando, num balé fantástico pelo ar da casa.
Numa manhã, ela foi atender alguém que batia no portão e voltou com um pacote misterioso, entregue por um mendigo que levou alguns pães amanhecidos. Ela disse que não precisava, mas ele insistiu. Achou aquilo estranho. Não fez alarde, pois ninguém se importaria mesmo, já que estavam entretidos nos seus aparelhinhos e tv. Levou para seu quarto, abriu com certa cautela, bem devagarinho. E espantou-se com o que viu dentro da caixa: absolutamente nada! Ficou irritada a princípio, querendo ir atrás do mendigo e tirar satisfações da brincadeira boba. Mas relevou. Deixou a caixa ali, embaixo da cama mesmo e foi fazer outra coisa. Pensaria melhor sobre ela depois.
À noite, enquanto dormia, a caixa esquecida embaixo da cama começou a lançar uma luz fortíssima que tomou conta do quarto. Ela acordou assustada e a primeira atitude foi perguntar "quem acendeu a luz"! Mas ninguém respondeu. Resolveu levantar e viu que vinha da caixa. Pegou-a nas mãos e, meio assustada com aquilo, colocou a mão dentro dela para ver de onde vinha a luz. Apenas sentiu seu corpo vibrando, seu coração um pouco disparado, mas sua mente estava incrivelmente lúcida.
Não entendeu nada daquilo, mas achou interessante o que a caixa fazia. Contava ou não sobre aquilo para sua família? Será que eles a ouviriam? Entenderiam? Ou a achariam louca e a desdenhariam de novo? Resolveu tentar a sorte e mostrar a todos no dia seguinte no café da manhã.
Ao sentar-se, lá estavam todos já ofuscados pelos aparelhos, sem ter noção de que existem pessoas ao seu redor. Colocou a caixa em cima da mesa e a abriu. Ninguém se importou. Ela emanava a luz e ela disse: - vejam! Todos levantaram seus olhos para a caixa e perguntaram: - vejam o quê?
Vocês não vêem a luz? Perguntou ela. Eles riram e voltaram seus olhos para o que estavam fazendo.
Ela coçou a cabeça, pensou e sentiu-se meio boba. Mesmo assim, a caixa tinha se tornado um objeto querido para ela, pois aquela luz a fazia se sentir melhor, mais lúcida e animada. Ao sair de casa, encontrou com o mendigo sentado na esquina e resolveu questionar sobre a caixa. Ele olhou nos olhos da menina e disse: - Eu sabia que não erraria ao entregá-la a você. És a única naquela casa que enxerga a luz. Os outros, vivem por viver e estão tão preocupados com seus egos, que jamais poderiam abrir seus olhos e ver o que de mais belo existe no mundo. Poucos recebem este presente e o aproveitam de verdade. Não subestime nunca seu amor pela vida. Deixe que a luz te acompanhe sempre e um dia, terás a certeza de que nunca esteve sozinha, nem à mesa, nem em seus caminhos e nem em sua casa.
NAMASTÊ
Era uma casa sem muito amor. Aquela família vivia diariamente automatizada. Faziam tudo igual e mal se olhavam nos olhos. Acordavam, chamavam uns aos outros, se arrumavam, sentavam à mesa para o café, uns com aparelhos eletrônicos, outros já fazendo contas. Apenas uma única pessoa desta família observava seu alimento e o saboreava com gratidão. Além disso, ela também esperava uma oportunidade de conversar com alguém, mas todos comiam como robôs e estavam mais interessados nos seus objetos.
Mesmo assim, aquela única criaturinha era feliz, não julgava. Pois a maneira como vivia era de puro amor. Apesar de ser quase ignorada, o que lhe bastava era ter ao seu lado as pessoas que amava. E saber como elas estavam, o que faziam e como eram.
Convivia com aquilo há tanto tempo, que não reparara na própria solidão. Era suficiente estar ao lado delas. Às vezes sentia-se frustrada por querer contar uma novidade ou mostrar algo que tinha adquirido com esforço, sem que ninguém se importasse ou lhe desse ouvidos. Mas seu amor era tão intenso que acabava por deletar o sentimento de dor e tristeza no coração.
Um dia, para chamar a atenção no café da manhã, resolveu fingir que estava engasgando. Quem estava ao lado deu um tapinha nas costas e ouviu alguém dizer "tome um gole de água que passa". De nada adiantara fingir algo para chamar a atenção. Todos estavam mais interessados nas notícias e fotos das redes sociais, nos seus e-mails e toda forma de comunicação eletrônica.
Ela achava tudo aquilo uma bobagem, afinal a vida estava ali, à sua frente, mas todos tinham olhos apenas para máquinas. Preferia observar os passarinhos no muro da casa buscando comida, o sol brilhando por detrás das cortinas e os pequenos grãos de poeira brilhando através de seus raios, dançando, num balé fantástico pelo ar da casa.
Numa manhã, ela foi atender alguém que batia no portão e voltou com um pacote misterioso, entregue por um mendigo que levou alguns pães amanhecidos. Ela disse que não precisava, mas ele insistiu. Achou aquilo estranho. Não fez alarde, pois ninguém se importaria mesmo, já que estavam entretidos nos seus aparelhinhos e tv. Levou para seu quarto, abriu com certa cautela, bem devagarinho. E espantou-se com o que viu dentro da caixa: absolutamente nada! Ficou irritada a princípio, querendo ir atrás do mendigo e tirar satisfações da brincadeira boba. Mas relevou. Deixou a caixa ali, embaixo da cama mesmo e foi fazer outra coisa. Pensaria melhor sobre ela depois.
À noite, enquanto dormia, a caixa esquecida embaixo da cama começou a lançar uma luz fortíssima que tomou conta do quarto. Ela acordou assustada e a primeira atitude foi perguntar "quem acendeu a luz"! Mas ninguém respondeu. Resolveu levantar e viu que vinha da caixa. Pegou-a nas mãos e, meio assustada com aquilo, colocou a mão dentro dela para ver de onde vinha a luz. Apenas sentiu seu corpo vibrando, seu coração um pouco disparado, mas sua mente estava incrivelmente lúcida.
Não entendeu nada daquilo, mas achou interessante o que a caixa fazia. Contava ou não sobre aquilo para sua família? Será que eles a ouviriam? Entenderiam? Ou a achariam louca e a desdenhariam de novo? Resolveu tentar a sorte e mostrar a todos no dia seguinte no café da manhã.
Ao sentar-se, lá estavam todos já ofuscados pelos aparelhos, sem ter noção de que existem pessoas ao seu redor. Colocou a caixa em cima da mesa e a abriu. Ninguém se importou. Ela emanava a luz e ela disse: - vejam! Todos levantaram seus olhos para a caixa e perguntaram: - vejam o quê?
Vocês não vêem a luz? Perguntou ela. Eles riram e voltaram seus olhos para o que estavam fazendo.
Ela coçou a cabeça, pensou e sentiu-se meio boba. Mesmo assim, a caixa tinha se tornado um objeto querido para ela, pois aquela luz a fazia se sentir melhor, mais lúcida e animada. Ao sair de casa, encontrou com o mendigo sentado na esquina e resolveu questionar sobre a caixa. Ele olhou nos olhos da menina e disse: - Eu sabia que não erraria ao entregá-la a você. És a única naquela casa que enxerga a luz. Os outros, vivem por viver e estão tão preocupados com seus egos, que jamais poderiam abrir seus olhos e ver o que de mais belo existe no mundo. Poucos recebem este presente e o aproveitam de verdade. Não subestime nunca seu amor pela vida. Deixe que a luz te acompanhe sempre e um dia, terás a certeza de que nunca esteve sozinha, nem à mesa, nem em seus caminhos e nem em sua casa.
NAMASTÊ
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