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Coração Aberto

Quando decidi escrever me senti uma borboleta saindo do casulo. E junto com ela saíram os sentimentos e os pensamentos que muitas vezes não conseguimos transmitir. Descobri que ser poeta é opinar sem medo, escrever é desvincular-se de segredos e expressar-se é viver intensamente.

JosiLuA

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

MÁQUINAS ATUALIZADAS

Autora: Josianne L.Amend (JosiLuA)

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O que está acontecendo com o mundo que conheci quando era criança? Pessoas estão cada vez mais diferentes, valores sendo escoados pelos ralos, a falsa liberdade destruindo famílias, lares e relacionamentos. Tudo está tão diferente que, em alguns momentos, me sinto deslocada de minha própria vida.

Se compararmos a nós, seres humanos, com robôs elaborados por algum tipo de entidade ou ser, podemos chegar até a pensar que algum responsável pela manutenção dessas máquinas, está fazendo alguma brincadeira ou, no mínimo, trocou os materiais.

Tudo está fora do contexto e as pessoas, para se sentirem como peças raras e que não julgam nada, estão cada vez mais loucas, se é que posso dizer assim.

Quando vim para este mundo, passei minha infância tendo um cais para aportar sempre que precisasse. As mães faziam seus papéis de mulheres. Sim, porque, as feministas que me perdoem, mas as mulheres tem seus papéis na sociedade, assim como os homens. Então, eu tive uma mãe dona de casa, conselheira e observadora e um pai protetor e provedor. Isso é nosso porto seguro.

Daí, veio alguém mexer nas engrenagens e desregulou a vida cotidiana que transformava as novas máquinas em seres lutadores, trabalhadores e centrados. Tá, você conhece alguém que não se dava com seus pais. E daí? Era um em um milhão. Hoje ninguém respeita pai e mãe, há um desdém imenso pelos mais velhos, os jovens querem cada vez mais e se perdem na própria busca, as crianças já tomam remédios controlados para poderem estudar e até interagir com colegas. Sem falar na sexualidade exacerbada onde as mulheres acham que seus corpos são propagandas que vendem o produto nas danças, roupas e cirurgias.

Onde estão as vovós de saiotes e óculos que são a idealização de carinho, amizade e ensinamentos na culinária e até da vida? E os vovôs com suas enxadas ou marretes mostrando como se faz algo, sem ter que pedir para alguém? Estão escondidos nas tintas de cabelos, nas plásticas e nos bares à noite, misturando-se com jovens e não querendo saber de envelhecer.

Quem, e com que consentimento, trocaram nossas peças para criar seres tão estranhos, cheios de manias, que arrumam briga por tudo, que esnobam os menos abastados ou que se vendem para dizer a si mesmos o quanto estão felizes? Só podem estar se divertindo às nossas custas.

Ver mulheres saindo em prol do feminismo pelas ruas me faz questionar até que ponto são femininas? E os homens que hoje em dia não sabem pregar um prego ou se jogam em sofás com cervejas no colo durante uma tarde toda, fazendo cara de mau para não ser incomodados?

Esses realmente somos nós, seres humanos? Eu estou ficando velha, sim, mas vou levar comigo a felicidade de um tempo cheio de boas lembranças. Já me sinto deslocada ao sentir e ver o tratamento que temos dos mais jovens. Uma falta de respeito com quem já viveu o suficiente para saber alguma coisa da vida. Tínhamos tempo de brincar e correr nas ruas, nos parques e nos bosques. Onde está tudo isso, afinal? À noite, íamos para a cama cansados de viver. Hoje, as crianças vão para a cama sem sono, obrigadas pelos pais que, por correrem o dia todo para "ter mais", alegam não terem forças para brincar ou até conversar. E as pobres maquininhas vão enferrujando suas peças, algumas as perdem pelo caminho, sem saber exatamente como recuperá-las.

É triste sim ver um mundo em ascensão no progresso, regredir tanto na forma de viver das pessoas.  E muitos vão deixando para trás parafusos, roscas e peças importantes. Transformando-se em seres irreconhecíveis com o tempo. Mesmo tendo sido amorosamente bem feitos, fazem questão de se estragar. Pobres coitados que, com o tempo, estarão nos ferros-velhos.

Infelizmente cada um tem seu caminho e decisão. Não somos donos da fábrica de máquinas e nem temos o poder de modificá-las. Fomos criados para um auto-reconhecimento e controle. Temos que nos reciclar com diversos tipos de manuais. Alguns parecem ler os mais errados possíveis e se transformam em coisas. Outros, ainda se salvam, buscando aprender, consertar e ordenar-se a si mesmos.

Este é um mundo de máquinas atualizadas, mas gostaria muito que pelo menos o meu mundo voltasse a uns 40 anos atrás...

NAMASTÊ

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