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Coração Aberto

Quando decidi escrever me senti uma borboleta saindo do casulo. E junto com ela saíram os sentimentos e os pensamentos que muitas vezes não conseguimos transmitir. Descobri que ser poeta é opinar sem medo, escrever é desvincular-se de segredos e expressar-se é viver intensamente.

JosiLuA

domingo, 27 de março de 2016

A DISTÂNCIA ENTRE NÓS

Autora: Josianne L.Amend (JosiLuA)





Quem não sente saudades da interação entre as famílias, onde dia de festa era festa mesmo? Acordávamos pensando na roupa que íamos vestir para ir na casa dos avós ou tios e reencontrar primos. Todos se uniam para rir, para brincar, contar piadas e serem leves. 

As festas eram festas mesmo! Cada um levava uma coisa, cada família tinha algo que sabia fazer de forma especial. Fosse uma torta, o bolo de chocolate ou o pavê de pêssego. A carne era feita no fogão à lenha ou na churrasqueira e o cheiro percorria o bairro. 

Enquanto adultos preparavam o alimento, as crianças corriam pelo jardim, subiam nas árvores, desmontavam a casa da vovó. Não sei por quê, isso se tornou passado. A mesa enorme, cotovelos se empurrando e mãos se batendo para alcançar o talher. Parecia uma algazarra organizada.

Hoje, com a mudança da vida, onde crianças tem mais que uma família, três a quatro pares de avós e tios de toda espécie, as festas murcharam. Falta amorosidade, faltam pessoas, falta tempo. Muito mais pessoas envolvidas e menos tempo para reencontros. Existem mágoas envolvidas, desculpas esfarrapadas e falta de vontade. Comodismo e preguiça de sujar a casa, de convidar amigos e uma certa fatia financeira em não querer ou não poder repartir, fazem com que as pessoas se separem.

Alguns, por problemas envolvidos entre familiares, procuram libertar-se indo para retiros e ficarem sós. Buscam novos amigos, entender a si mesmos ou algo que nem sabem o que, pois estão mais perdidos que qualquer um. E voltam cheios de esperança ou frustração.

Assim como a torta de maçã fresquinha já não existe e sim o bolo comprado cheio de gordura, também o amor através de toques, de abraços e olhares deram lugar para watsApps, mensagens por facebook ou apenas uma ligação dizendo algo.

Sinto falta da criança que fui, cheia de alegria e de família. E que no final da tarde acabava dormindo por cansaço na cadeira da vovó. Hoje, todos tem uma casa enorme e solitária. Compram móveis caros para sentarem sozinhos à mesa ou no sofá. E quando você convida, ouve a famosa frase: "vou ficar por aqui"! Estamos num caminho de desencontros, desamizades e desilusões.

As pessoas se sentem sós, muitas vezes abandonadas e não enxergam que a alegria saiu da sua agenda. Criticam os farofeiros de praia que, na sua bagunça, ainda sabem se divertir. Procuram manter a classe, tornando a vida pesada e infeliz. 

Quantos não se sentam sozinhos em natais, ano novos, páscoas? Escolhas ou simplesmente orgulhos? Creio que todos nós nos tornamos ocupados demais para deixar a vida nos levar. Impomos regras até para abrir os olhos de manhã. E, por qualquer motivo, contrariados, a irritação nos faz perder a vida e a alegria facilmente, desistindo de nós mesmos.

Todos temos pressa para limpar a casa, para ganhar dinheiro, para aparecermos em nossa profissão. Mas somos lerdos o bastante para encontrar a nós mesmos e percebermos por que ficamos doentes, estamos estressados ou infelizes.

A distância entre as pessoas causa muito silêncio. A quietude é boa para o autoconhecimento, mas é péssima para nos sentirmos vivos. Suje a casa recebendo pessoas, pois de qualquer forma você vai limpá-la. Deixe que as pessoas venham trazer vida e leve a vida até elas se for o caso.

Festeje e celebre! O que nos resta, afinal, além de risos que poderão modificar toda a vibração dos nossos corpos em algo mais sutil e benéfico? Deixe seus filhos terem lembranças boas da infância. Faça piqueniques, sentem embaixo de árvores, preparem uma mesa enorme junto à família e contem histórias. 

E, quando a noite chegar, você deitará em seu leito mais leve, se sentindo amado e cheio de amor. E com a sensação de ter vivido naquele dia!

Namastê



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