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Coração Aberto

Quando decidi escrever me senti uma borboleta saindo do casulo. E junto com ela saíram os sentimentos e os pensamentos que muitas vezes não conseguimos transmitir. Descobri que ser poeta é opinar sem medo, escrever é desvincular-se de segredos e expressar-se é viver intensamente.

JosiLuA

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

O MEDO NAS IDADES

 Autora: Josianne L.Amend (JosiLuA)





É interessante notar que nas fases de nossas vidas vamos cultivando alguns medos que podem ou não ser inconscientes e se transformar até em traumas.

Parece que quando bebês ainda não sabemos exatamente o que é ter medo. Sentimos necessidades de carinho, fome, frio, mas o medo em termos de ameaças ainda não pode ser reconhecido. O medo começa a fazer parte de nós quando nos damos conta que precisamos estar atentos pelas nossas vidas e buscarmos proteção. Muitas vezes o medo é algo aprendido pela observação de sentimentos demonstrados e palavras que nos são ditas. Podemos dizer que ligamos o mecanismo de defesa.

Isso pode acontecer quando somos afastados dos nossos pais por causa de creches, escolas, babás ou até pela ausência demorada da família num recinto. A sensação de perdê-los é angustiante, porém ainda sem uma reação imediatista. É o início do medo do abandono.

Um pouco mais tarde, já com amigos na idade escolar, o medo do abandono dá lugar para o medo de não ser aceito e, por consequência, sermos abandonados. E fazemos de tudo para mostrar algum potencial, seja através de notas, do esporte, das piadas ou da arrogância. Mesmo os mais temidos escondem seus medos, que normalmente vem das relações familiares.

No início da adolescência, ainda continuamos com o medo da aceitação, porém o foco muda para determinadas pessoas. Queremos agradar alguém em particular, mais do que a outros. E a mídia ajuda muito a frustração de si mesmo, expondo modelos de pessoas que parecem perfeitas. Temos medo de não correspondermos aos padrões. Uns mais que os outros acabam com sérios problemas nas relações sociais pela baixa auto-estima.

Aos vinte anos, o medo foca no desenvolvimento profissional. Tentamos acertar na escolha, mesmo tendo outras opções que nos agradem. Acabamos com medo de errar e não nos fortalecermos a ponto de nos sustentarmos como pretendemos. Junto a isso, vem o medo de não encontrar o parceiro ideal para a vida. Alguns se jogam em relacionamentos doentios.

Aos 30, o medo vem da decisão de ter uma família ou ser melhor na profissão. Temos medo de não sermos bons o suficiente numa entrevista ou se de quem gostamos também quer ficar conosco. Tudo se resume no ego que não sossega, quer ter destaque. 

Aos 40, o medo de não parecer mais tão atraente faz as academias bombarem e a busca pelo sexo sensual quer demonstrar que ainda temos força e estamos no jogo. Por isso, essa é a idade do lobo que seduz e não quer perder oportunidades.

Aos 50, o medo começa a ser focado em sua estabilidade financeira e até espiritual. Buscamos formas de poupar, nos aposentamos, mas ainda queremos viver e fazer diversas atividades. Temos medo de sermos inconvenientes, dependendo da roupa, estilo ou maneira de agir. Mas alguns ainda querem parecer jovens e o medo é de olhar no espelho e descobrir que a juventude se foi. Há o medo de ter perdido tempo na vida para bobagens.

Aos 60, o medo foca na saúde e bem estar. Queremos estar bem para ainda podermos realizar, viajar, acreditar e relaxar. Ainda há medo do próprio corpo e como ele é visto.

Aos 70 anos ou mais, o medo se baseia na chegada do fim. E isso nos fará, ou virar saudáveis e incansáveis idosos, ou entregarmos os pontos e nos deixarmos balançar na cadeira todos os dias, por termos medo de reagir. 

A questão é que o medo nos acompanha a vida toda. Mesmo que se diga que não se tem medo de nada, na solidão sabemos que nossos pensamentos remetem a algo que tememos. Algumas coisas podemos resolver, outras não. Não será por isso que seremos mais ou menos felizes.

Esses medos nos fazem pensar, analisar e julgar nossas vidas. Uns nos fazem reagir, outros estacionar. Os medos são sentimentos que nos alertam de algum tipo de perigo. Podem nos tirar de emboscadas, vexames ou a situações que nos fragilizem. E só por isso não precisamos ter raiva ou vergonha dos nossos medos. Nossa intuição trabalha com eles e devemos dar atenção a isso.

Viver a vida intensamente e ter medos faz parte de um grande ciclo. Quem não tem medo de nada pode ser pego na própria armadilha, algum dia. Esses medos internos são medos comuns a todo ser humano. Até aquele que você acha ser o maioral pode ser na verdade, um grande medroso.

Do que você tem mais medo hoje com a idade que tem? Solidão, doenças, do seu corpo, de gente, do financeiro, ter perdido tempo, de estar preso numa situação? Viu como de um jeito ou de outro você tem medo? Portanto, respeite os que demonstram mais os deles, começando por entender os seus.

NAMASTÊ

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